A Fundação Mater Timor-Loro'Sae está a ultimar os pormenores que faltam para se avançar rumo à construção das maternidades-escola em Timor-Leste, oferta da Igreja Católica em Portugal.
Fernando Maymone Martins, presidente da Associação dos Médicos Católicos, Victor Neto e o Pe. Vítor Feytor Pinto, coordenador nacional da Pastoral da Saúde, estiveram em Timor no mês de Junho, para apresentar o projecto às autoridades religiosas e civis. Nesta última visita a Díli foram contactadas empresas de construção civil, a quem foram entregues os cadernos de encargos, e prevê-se que em Outubro seja possível lançar as obras, e antes do final de 2005 seja inaugurada a obra.
“Encarámos esta ocasião com o máximo entusiasmo e ela teve um acolhimento fantástico em Timor”, revela à ECCLESIA Maymone Martins.
A ideia de oferecer uma maternidade a Timor-Leste, eventualmente duas, nasceu no Jubileu do ano 2000. Surgiu o plano de constituir uma maternidade-escola, porque o objectivo não era apenas de fazer os partos das crianças, mas permitir às populações locais que assumam as suas coisas, formando médicos e parteiros que possam gerir a maternidade.
João Paulo II teve conhecimento deste projecto e entendeu apoiá-lo com um donativo pessoal, exprimindo a sua aprovação. O suporte jurídico foi assegurado pela Fundação Mater-Timor, constituída formalmente em Setembro de 2002 e presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Maymone Martins, membro da comissão-executiva da Fundação, recorda que os promotores desta iniciativa já tinham estado no local em 2001e inicialmente pensou-se ser possível recuperar as maternidades antigamente existentes em Baucau, mas isso revelou-se muito difícil. A opção foi arrancar para construções de raiz.
“Em Portugal fez-se um esforço muito grande para angariar os fundos necessários, que resultaram em grande parte da renúncia quaresmal do Patriarcado de Lisboa, em 2002 e 2003, dinheiro que chega para lançar a obra relata Maymone Martins.
“Entretanto lançámos uma Fundação para corporizar juridicamente este projecto, com as dioceses de Díli e Baucau, que entram com um património fundamental para a Fundação, que são os terrenos onde as maternidades-escolas são construídas”, acrescenta.
As maternidades estão concebidas para terem enfermarias, bloco operatório e camas para as grávidas, mas também uma residência para aquelas mulheres que tenham de vir dos campos para a cidade, em caso de uma gravidez de risco.
“Estamos muito entusiasmados com este projecto: é preciso ver que o número de mulheres que morrem ou ficam com lesões traumáticas resultantes dos partos é elevadíssimo e a mortalidade infantil é enorme (morrem 147 crianças em cada mil partos). Julgo que a utilidade social deste projecto é absolutamente inequívoca e estamos no bom caminho”, conclui.