Possibilitar o tratamento a crianças, vítimas de minas anti-pessoais e da poliomielite infantil é o principal objectivo da campanha “Inocentes da Guerra”, uma iniciativa da Fundação São João de Deus- Instituição Particular de Solidariedade Social, criada pela Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, que arranca no próximo dia 14 e estende-se até 31 de Dezembro.
Este projecto humanitário vai também prestar formação a um grupo de jovens angolanos, nas áreas da fabricação, adaptação e manutenção de próteses, ortóteses e calçado ortopédico para que futuramente possam ajudar as vítimas das minas terrestres e da poliomielite localmente em Angola. “A formação destes técnicos será um importante contributo para a futura reabilitação dos deficientes físicos em Angola”, enuncia um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Os cuidados médicos são da responsabilidade do Hospital São João de Deus que conta já com uma história de mais de meio século na assistência, inicialmente a crianças e actualmente a pessoas de todas as idades. Situado em Montemor-o-Novo, o hospital possui hoje um bloco operatório, internamento, ginásio, salas de electroterapia, piscina e meios de hidroterapia para tratamento e reabilitação, bem como oficinas ortopédicas para o fabrico de próteses, ortóteses e calçado ortopédico.
As oficinas ortopédicas atravessam actualmente um processo de renovação, quer em termos técnicos quer em termos de equipamentos disponíveis. Em 2003 e 2006 tiveram lugar duas acções de formação que resultaram na admissão de 9 novos colaboradores.
Desta forma o Hospital S. João de Deus criou uma equipa própria para este projecto humanitário, composta por médicos e técnicos de reabilitação. Esta equipa vai realizar as cirurgias necessárias e a posterior adaptação de próteses, ortóteses e calçado ortopédico a um grupo de 15 crianças e jovens angolanos amputados e vítimas de poliomielite. O Hospital irá também disponibilizar as suas instalações para acolher os pacientes durante o período necessário ao seu tratamento.
“Temos no nosso Hospital em Montemor-o-Novo instalações para alojar a crianças a tratar e envolvemos os fornecedores dos materiais ortopédicos neste projecto, de modo a propiciarem condições especiais na aquisição dos materiais necessários”, assegura a direcção do Hospital.
A guerra civil terminou há cinco anos em Angola, mas 80.000 angolanos vivem ainda com marcas profundas desse conflito, porque milhões de minas terrestres, enterradas no solo desde os tempos da guerra, continuam a fazer vítimas inocentes entre as populações.
A União Europeia e outros países doadores financiaram várias operações de desminagem em Angola, mas milhões destes engenhos não foram ainda desactivados e vários acidentes continuaram a vitimar cerca de 78% do total dos deficientes físicos no país. Cerca de 8.000 desses amputados são crianças e jovens, que sofrem frequentemente ferimentos mais graves do que os adultos em acidentes com minas.
ONG’s indicam ainda que 30% a 50% das vítimas destes acidentes morre antes da cirurgia ou após a sua realização, devido às distâncias entre o local do rebentamento e o hospital, a falta de condições para transportar os feridos ou devido a cuidados médicos inadequados, a somar ainda à escassez de especialistas capacitadas para a reabilitação de deficientes físicos
A Fundação S. João de Deus une solidariamente Portugal a Angola e impulsiona esta campanha com vista a angariar fundos que possibilitem a reabilitação de crianças amputadas, mas também para promover a melhoria do serviço prestado pelas Oficinas Ortopédicas do Hospital S. João de Deus aos doentes ortopédicos em Portugal.
“Este serviço, único em Portugal, continua a possibilitar a melhoria da qualidade de vida às pessoas que sofreram amputações devido a acidentes rodoviários, a doenças vasculares ou à diabetes bem como às vítimas, hoje adultas, da poliomielite infantil”, adianta o comunicado.
Para mais informações consultar o site www.fundacao-sjd.pt