«Gen Rosso»: O projeto musical nascido dos Focolares que há 50 anos desafia à paz através da arte
Agência ECCLESIA acompanhou espetáculo em Fátima e falou com elementos deste grupo internacional
Fátima, 30 nov 2017 (Ecclesia) – O grupo internacional Gen Rosso, que passou por Portugal para uma série de espetáculos musicais e de workshops, está a cumprir 50 anos ao serviço da promoção da fraternidade entre os povos, através da arte e da cultura.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o coordenador dos Gen Rosso destaca um projeto que tem como base “a unidade na diversidade”, uma vez que ao longo da sua história tem sido composto por pessoas dos mais variados países e continentes.
“Nestes anos, passaram pelo grupo mais de 230 elementos. Agora somos 18 de quatro continentes”, explica Valério Gentil, que realça a riqueza que é conviver com artistas “de todos os lugares, com uma bagagem e cultura diferentes”.
A origem dos ‘Gen Rosso’ remonta a Itália, e ao ano de 1966, quando Chiara Lubich, fundadora do movimento dos Focolares, ofereceu a um grupo de rapazes “uma bateria vermelha”, e os desafiou a comunicarem através da música, mensagens de paz.
‘Gen’ como “geração nova” para os Focolares, e ‘Rosso’ que quer dizer vermelho, em italiano”.
“Desde aquele dia começámos a viajar pelo mundo, encontrando muitas pessoas e renovando as suas baterias”, conta Valério Gentil.
De acordo com o responsável, o objetivo foi sempre “buscar temas e compor canções que fossem ao encontro da vida das pessoas”.
Em muitos casos, encontraram no público alguém que lhes disse que “determinada canção tinha ajudado a recomeçar, num momento mais complicado”, recorda o coordenador dos Gen Rosso.
Depois de terem estado em Braga e Viseu, os Gen Rosso concluíram esta quarta-feira a sua agenda em Fátima, com a apresentação do musical ‘Streetlight’ no Centro Paulo VI, perante centenas de jovens alunos dos colégios de São Miguel, do CEF, e Sagrado Coração de Maria.
O musical ‘Streetlight’, “escrito a várias mãos”, é baseado na história verídica de Charles Moats, um jovem afro-americano de um gueto na cidade de Chicago.
“Um rapaz que queria viver pelo ideal de um mundo unido, num gueto onde estavam pessoas só de uma nacionalidade, de descendência africana, num gueto violento como tantos outros, mas onde ele queria deixar uma estrela de luz a todo o mundo”, realça Valério Gentil.
Charles Moats acabaria por morrer em 1969, com 17 anos, vítima de um tiroteio, a poucos dias de participar num Congresso Gen, dos Focolares, como representante dos Estados Unidos da América.
“Ele era um poeta, escrevia poesia, sonhava com um mundo diferente. E a sua vida testemunha agora a todo o mundo que é possível viver de maneira diferente, construir um mundo mais unido e de paz, mesmo numa situação muito difícil”, sublinha o coordenador do grupo ‘Gen Rosso’.
Através de uma série de workshops, o grupo internacional tem procurado enraizar junto dos mais novos uma mensagem contra a violência e a favor do diálogo, a começar no ambiente escolar.
O brasileiro Helânio Brito, de 29 anos, está há 10 meses nos ‘Gen Rosso’ e há sete anos no movimento dos Focolares; para trás ficou uma carreira de oito anos como profissional e cantor de forró.
Para este artista, estar neste projeto “é muito gratificante” e também um desafio. Para trás ficou a família, os amigos e todo um projeto de vida, já que na altura estava também “para casar”.
“Eu sinto-me honrado de poder estar em cima deste palco, de poder contar esta história (de Charles Moats) que ainda hoje é muito atual para a sociedade, que precisaria de pessoas que com coragem possam levar a paz”, salientou.
Da Argentina vem Nacho Spadaccini, de 31 anos, desde 2014 no Gen Rosso e há 19 anos nos Focolares.
“Quando conheci os Focolares, a minha vida mudou completamente, porque dei-me conta de que viver o Evangelho é algo possível, algo real, que não cabe apenas aos santos ou aos sacerdotes”, realçou o artista, para quem poder aliar a sua fé à área de eleição, que é a música que o “apaixona”, é “uma realização pessoal”.
“Através da arte é muito mais fácil transmitir a mensagem, as pessoas entendem muito mais rápido do que com discursos ou outras coisas. Chega-se a lugares onde com ações ou palavras se calhar seria mais difícil”, apontou Nacho Spadaccini.
Nos elementos do ‘Gen Rosso’, há a convicção de que a mensagem que transmitem fica nas pessoas, nos jovens, “como uma semente”.
Para Apo Yaghmourian, que vem da Jordânia e está há 4 meses no grupo, “ao viajar por tantos países”, os ‘Gen Rosso’ têm a oportunidade “de ajudar muitas pessoas” e de “aprender a dar mais através da arte”, dando cada um “o que tem”, os seus talentos.
O jovem jordano, que reside em Itália, em Nápoles, junta várias aptidões, desde a pintura à escultura, passando pela dança e a representação.
“Eu cresci com os Focolares, mas esta faceta da Arte nunca desapareceu. Esteve sempre comigo. A primeira coisa que temos no movimento é o amor, é amar o próximo. E começar todos os dias com esta frase, dá-nos logo muita coisa para começar”, frisa Apo Yaghmourian.
O espetáculo ‘Streetlight’, dos ‘Gen Rosso’, que passou esta quarta-feira por Fátima, está inserido no projeto ‘Together4peace’, um evento multicultural que tem como objetivo “construir a paz, celebrar a vida, levar a esperança e cultivar a confiança e a partilha” para uma “mudança real” da sociedade.
CB/JCP
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