No passado dia 4 de Março, a ACEGE participou numa audiência no Vaticano, juntamente com empresários de todo o mundo filiados na UNIAPAC – União Cristã Internacional dos Dirigentes de Empresas – , durante a qual o seu Presidente entregou nas mãos do Papa Bento XVI o Código de Ética dos Empresários e Gestores, recentemente assinado por mais de 400 empresários e gestores portugueses.
Tratou-se de um acto de enorme importância para a vida da ACEGE e dos seus membros, particularmente daqueles que estiveram presentes, e que vem reafirmar o compromisso assumido publicamente em favor de uma gestão orientada pela Ética, pela procura de soluções que promovam o desenvolvimento integral das pessoas e o bem das empresas.
Esta entrega simbólica do Código de Ética ao Papa constituiu, também, a reafirmação da importância da existência de um conjunto de pessoas com valores idênticos e dispostos a lutar por eles dentro das empresas, bem como o reconhecimento da força da Fé e dos ensinamentos que a Igreja nos revela, os quais permitem fortalecer as nossas convicções mais profundas, dando consistência e total sentido à vida de cada um.
Infelizmente, no mundo empresarial ainda vemos muitas vezes acolhida a ideia de que deve existir uma separação entre negócios/vida profissional e as convicções religiosas de cada um. Uma separação que ressalta absurda, na medida em que considera como opostos a vida profissional e a vida espiritual, promovendo de certa forma comportamentos esquizofrénicos, porque fomenta dois tipos de critérios e comportamentos da mesma pessoa de acordo com cada situação de vida.
Existe, igualmente, a errada ideia de que a Igreja e os católicos, quando afirmam a sua Fé, devem estar confinados ao interior das suas Igrejas, pois caso contrário estão a violentar a laicidade das empresas. No entanto, vemos cada vez mais empresas que percebem que para terem os seus colaboradores motivados e realizados, têm de respeitar e potenciar a sua vertente espiritual e religiosa, pois só dessa forma podem garantir a sua adesão integral e a sua plena realização no médio prazo.
Nesse sentido, é clara a importância que a Fé tem para a vida dos gestores católicos, na medida em que ela é parte integrante e fundamental do seu ser e da sua personalidade.
Ser gestor e empresário católico não representa, à partida, um atributo positivo ou negativo para o desenvolvimento da empresa, pois a competência não está baseada nesse facto, mas nos conhecimentos técnicos que esse gestor possuir e for capaz de aplicar.
Ser gestor e empresário católico encerra, por outro lado, a enorme responsabilidade pessoal de querer seguir a Cristo, fazendo o bem em todos os momentos da sua vida, privada ou profissional, sabendo que esse será o motivo e o verdadeiro fundamento e razão de ser da sua vida.
Uma atitude que, embora não influenciando as decisões técnicas da gestão, fomenta o crescimento e a coerência interior de cada um e, por isso, promove a tomada de decisões éticas, decisões que não se limitam ao imediato, ao que é visível a olho nu, mas procuram um bem maior.
Como disse o Papa Bento XVI, no discurso proferido nesta audiência, aos empresários e gestores católicos “não basta levar a justiça ao mundo, mas é-lhes exigido que levem o amor essencial ao homem, o qual é maior que a própria justiça”.