Nacional

I Jornadas de Bioética no Funchal

Jornal da Madeira
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“Do início ao fim da vida” é o tema genérico destas jornadas que contarão com a participação de especialistas em várias áreas, desde a Educação, passando pelo Direito, até à Medicina. A realização das I jornadas de bioética no Funchal surge numa altura em que se colocam, com grande pertinência, questões acerca da vida - desde o nascimento até à morte. Cada vez mais se apresentam, particularmente no mundo ocidental, propostas a favor do aborto e da eutanásia como solução eficaz para certos problemas da sociedade. Mas, as reacções a exigirem séria reflexão sobre o assunto não se fazem esperar. E questiona-se: onde está a ética, que lugar para a moral? As jornadas previstas para os dias 18 e 19 de Março, no Funchal, são uma oportunidade única para o debate competente à volta destas questões; até porquê, como esclareceu o Professor Silveira de Brito ao JORNAL da MADEIRA: “ Há 50 anos vinha-se a este mundo apenas de uma determinada maneira; há 50 anos, morria-se quando a morte chegava e a pessoa era tratada com uma tecnologia rudimentar... . Hoje, temos uma tecnologia infernal ao serviço da medicina o que traz situações imprevisíveis. Ora, não podemos pedir à moral tradicional que responda às novas situações, porque ela prevê um conjunto de regras para resolver situações habituais. Se a situção é diferente podemos é perguntar a essa moral como é que ela exerceu essa função de respeito pela dignidade humana e tentar encontrar soluções que olham sempre o homem como um fim e não apenas como um meio”. A questão da bioética é, pois, fundamental, defende Siveira de Brito: “É um debate fundamental porquê, se hoje estamos perante questões que perturbam e para as quais não temos repostas de sim ou não, esta situação de perplexidade vai manter-se e talvez acentuar-se, porque a ciência não pára, os sonhos não têm fim e o homem é um ser que pretende atingir a perfeição. Nós temos, isso sim, de aproveitar todas as oportunidades para reflectir, para ouvir os outros , dialogar com eles, e não procurar receitas mas, antes, informação e cruzar diferentes pontos de vista para que cada um, autónomamente, encontre os seus juízos de valor sobre o seu próprio agir. Esta é uma das finalidades que temos na organização destas jornadas no Funchal”. Presenças confirmadas Entre os convidados e conferencistas para as I Jornadas de Bioética no Funchal, destacam-se especialistas nacionais e estrangeiros. Logo no primeiro dia, 18 de Março, vários temas em análise: a “Ética na contemporaneidade”, pelo Professor Roque Cabral. “ Bioética e Educação”, pelos Doutores Luís Sebastião e João Vila-Chã (que falará sobre a dimensão educativa do sofrimento) E ainda: “Bioética, Direito e recursos”, pelos Doutores Barbosa de Melo e Rui Nunes. No segundo dia, 19 e Março, estão previstas as seguintes conferências: “Início da vida” (procriação medicamente assistida), pelos Doutores Agostinho Almeida Santos e Maria do Céu Patrão Neves. “Abortamento” (estatuto do embrião), pelos Doutores Rita Lobo Xavier e Michael Renaud. “Fim da vida” (tecnologia e sustentação da vida e cuidados paliativos) pelos Doutores João Lobo Antunes e Daniel Serrão. A lição final destas jornadas estará a cargo do Professor Júlio Martinez, que dissertará sobre o tema “Da ética à bioética”. As inscrições deverão ser feitas até o dia 10 de Março, na Secretaria da Universidade Católica, no Funchal, Edifício do Colégio. Sobre a importância deste acontecimento e a urgente reflexão que se dever fazer sobre estes temas, o coordenador, Professor Silveira de Brito, entende “a ética como uma reflexão sobre a moral. Todas as sociedades têm uma moral, mas há necessidade de fazer uma reflexão sobre essa moral, o que eu chamo ética. Se a moral responde ao que é habitual na maneira humana de viver, e se há uma alteração nessa maneira, torna-se indispensável reflectir para encontrar respostas para as novas situações.”


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