III Congresso da Família Missionária da Consolata analisou desafios da Missão no mundo de hoje
Mais de 260 participantes marcaram presença no III Congresso da Família Missionária da Consolata, que decorreu em Fátima de 29 a 30 de Outubro de 2005. O encontro analisou os principais desafios da Missão, no mundo de hoje, e concluiu-se com um apelo a todos os cristãos, para que sejam “um testemunho vivo seja qual for a sua condição”.
Constatando a “mutação acelerada das Instituições e das tradições religiosas”, que tem levado à perda de “referências simbólicas” e a uma individualização da identidade do crente, os participantes do Congresso defende a criação de um “sentido de identidade comunitária”.
Na Eucaristia que encerrou o encontro, D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa, salientou que “a Missão exige homens e mulheres de funda, profunda, aberta humanidade”. “É preciso passar a servidores”, exortou.
Problema de identidade
Na conferência que proferiu neste Congresso, o sociólogo e teólogo Alfredo Teixeira traçou um retrato da identidade crente e frisou que, em contexto urbano, a identidade e o sentimento de pertença são diferentes.
“Já não há a estabilidade e identidade que havia há alguns anos atrás”, afirmou. O desafio que se impõe, hoje, é “encontrar qualquer coisa que permita gerir esta pertença comunitária”.
Ao contrário de há alguns anos atrás, verifica-se o fim da “civilização paroquial” tendo o cristão optado por soluções à sua medida. Assim é frequente encontrar uma pessoa que pertença a um grupo de oração numa paróquia, que viva noutra onde é catequista e, ao fim de semana, participar na eucaristia, numa outra paróquia.
A mobilidade, a par da individualização, do pluralismo da oferta e da terciarização da cultura são os quatro aspectos apontados por Alfredo Teixeira, desta sociedade em mudança.
Noutra intervenção, o sociólogo Marinho Antunes garantiu que “não há um catálogo” para ser cristão nos dias de hoje. Cidadão da cidade de Deus e da cidade dos homens, ele é desafiado a “actuar de forma diferente dos outros que não o são”, assumindo “a coerência da vida de Cristo e a vida da Igreja”.
O Pe. Norberto Louro defendeu, na sua conferência, a necessidade de “evangelizar a cultura do medo”, vincando que “estamos hoje perante um novo modo de pensar e de agir muito generalizado que aprofunda a ruptura entre o Evangelho e a cultura”.
“O cristianismo não morreu, não obstante uma mudança tão profunda num só século que não deixou de provocar uma acentuada erosão. Não obstante essas previsões e ameaças, continua a haver comunidades bem vivas entre nós”, apontou.
O provincial dos Missionários da Consolata saudou, ainda a “comunhão” entre a família religiosa, sublinhando que “esse espírito de comunhão tem-nos levado a realizar actividades tendentes a melhorar o nosso serviço de evangelização”.
Redacção/Fátima MissionáriaConclusões do III Congresso da Família Missionária da Consolata• Missão para os dias de hoje