Igreja Católica reforça aposta na cooperação
Fundação Evangelização e Culturas altera nome e assume novos rumos no apoio ao desenvolvimento
A Igreja Católica em Portugal vai reforçar a sua aposta na criação de um quadro alargado de cooperação para o desenvolvimento, revelou o presidente da Conferência Episcopal (CEP).
Em declarações à agência ECCLESIA, D. Jorge Ortiga destacou “todo o esforço que foi feito, por parte da Igreja Católica portuguesa, para fazer convergir a acção da Fundação Evangelização e Culturas (FEC), dos Institutos Religiosos, da Cáritas portuguesa e da Ajuda à Igreja que Sofre, abrangendo áreas como a saúde, a educação, a comunicação, a pobreza, a alimentação”
“Se a Igreja em Portugal contasse apenas com as suas possibilidades, não teria capacidade para chegar a todos aqueles que precisam” sublinha o prelado, actual arcebispo de Braga.
D. Jorge Ortiga realça ainda “a união de esforços que se tem procurado estabelecer”, com a FEC a assumir particular relevância no estabelecimento de parcerias.
A Fundação assinalou o seu 20.º aniversário com a realização de um seminário internacional dedicado ao tema “Fé e Cooperação”.
Uma ocasião escolhida para revelar que esta organização não-governamental para o desenvolvimento, criada pela Igreja Católica portuguesa (CEP e Institutos Religiosos) se vai passar a denominar “Fundação Fé e Cooperação”, mantendo a sigla por que tem sido conhecida nas últimas duas décadas.
De acordo com o administrador Jorge Líbano Monteiro, em declarações à agência ECCLESIA, esta mudança de nome deve-se a uma alteração no paradigma de actuação da FEC.
“Tratou-se de adaptar melhor o nosso nome à acção que estamos a desenvolver, que hoje assenta muito mais numa lógica de cooperação do que numa intervenção social nos países em desenvolvimento”, refere.
A nova designação já foi aprovada pelo Conselho de Fundadores da FEC, com o aval da Conferência Episcopal Portuguesa e dos Institutos Religiosos.
O papel da Fé no campo da cooperação para o desenvolvimento tem sido uma temática bem presente na acção da FEC, desde a sua criação.
Jorge Líbano Monteiro admite que, ao longo dos anos, esta organização católica foi encontrando obstáculos em quem temia que o trabalho a realizar “tivesse uma lógica mais de evangelização pura, como se fizesse parte de uma estratégia de crescimento da Igreja”.
Esta “tensão” foi sendo esbatida ao longo dos anos, à medida que a FEC ia estabelecendo parcerias e consolidando o seu projecto.
Nos últimos 20 anos, para além de ter criado em Portugal uma rede que envolve mais de 50 instituições ligadas à área do voluntariado missionário, a FEC estendeu a sua ligação a câmaras municipais e comissões diocesanas das missões, reunindo assim ideias que depois podem ser aplicadas no terreno.
A Fundação faz também parte de uma rede europeia, a CIDSE – uma aliança internacional de agências católicas de desenvolvimento que reúne 16 organizações católicas, da Europa e da América do Norte - reforçando a sua aposta na área da advocacia social.
“Cada vez mais se percebe que o facto de sermos uma organização de inspiração cristã constitui uma mais-valia, porque estamos a trabalhar com pessoas para quem o êxito do trabalho não depende só dos objectivos ou do dinheiro”, sublinha Jorge Líbano Monteiro.
A organização católica tem como principais objectivos de futuro estender a sua acção a um terceiro país lusófono, depois dos projectos que tem vindo a consolidar na Guiné-Bissau (nas áreas da educação e comunicação) e em Angola (no plano da saúde materno-infantil).
FEC