Nacional

Igreja deve «abrir as janelas» para a realidade

Luís Filipe Santos
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Alertou o Pe. Valentim Gonçalves, pároco do Prior Velho, em Lisboa.

Grande parte dos cristãos “cresceram numa atitude espiritualista e pouco próxima das realidades” mas “a nossa essência é sermos fermento da transformação das realidades” – sublinhou à Agência ECCLESIA o Pe. Valentim Gonçalves, da Congregação do Verbo Divino e pároco no Prior Velho, diocese de Lisboa. A paróquia do Prior Velho situa-se nos arredores da metrópole que esta a viver o Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE) e enfrenta problemas sociais. Neste contexto, o pastor aconselha os cristãos a “abrirem as janelas e identificarem as realidades que não estão de acordo com a justiça e com o projecto do evangelho”. A participar numa das sessões sobre “Justiça e Paz” – integrada nos «Diálogos com a cidade» - o Pe. Valentim Gonçalves disse que as pessoas estão “muito alheadas da realidade concreta”. Temas que “não devem ser particularizados” mas também “não se deve falar de uma forma geral sem termos presente a experiência vivida dos que estão a ser vítimas da injustiça”. E lamenta: “e são muitos e estão perto”. Os que não têm voz e poder reivindicativo “não encontram as janelas abertas onde deveria estar alguém que olhasse para a situação deles” – confessou o verbita. Na situação de crise – relata o Pe. Valentim Gonçalves – “há muita gente sem um Euro para comprar pão e dinheiro para comprar os livros para filhos”. A pobreza não é uma fatalidade porque “temos muitas pessoas espoliadas do seu salário”. Cenários negros porque “não há ninguém” capaz de chamar a atenção para estes casos. Se a Igreja estivesse com as “janelas abertas e mais atenta, a situação mudaria” – disse. Quando a Igreja “vê e fala” ainda “há muita gente que a escuta”. As injustiças sociais “vivem connosco”. E apela: “é necessário mais dinamismo transformador”. A sociedade fecha-se sobre si mesma e “não enfrenta os problemas”. E concluiu: “mal de nós se o Congresso não começasse dia 14 de Novembro... a semente foi lançada”.


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