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Igreja: Nascimento de Jesus é celebração «do presente» e não só «memória de há 2 mil anos»

Agência Ecclesia
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Padre Vasco Pinto Magalhães sugere um gesto, um livro e uma celebração para este Natal

Lisboa, 24 dez 2013 (Ecclesia) – O padre Vasco Pinto Magalhães, da província portuguesa da Companhia de Jesus (jesuítas), explica a importância de criar espaços para que exista o acolhimento de Deus no Natal, que por excelência é também o encontro da família.

“Às vezes podemos ficar só nas rabanadas e no bacalhau, nas luzinhas e na árvore, no presépio, que é um Natal devocional”, começa por revelar o sacerdote, que destaca mais três géneros natalícios: “O Natal mais teológico, um mais espiritual e um mais cultural e social”.

“Para os cristãos celebramos o grande mistério da encarnação de Jesus Cristo, a presença de Deus no meio da humanidade porque temos sempre a ideia de um Deus estratosférico”, explicou o padre Vasco Pinto Magalhães.

À Agência ECCLESIA, o autor de várias obras de espiritualidade, destaca que o cristianismo “vem dizer que Deus anda com os pés na terra”, ao mesmo nível que as pessoas: “A entrar nas nossas casas e isso supõe lembrar uma coisa essencial para os cristãos e que os define, Jesus Cristo está no meio de nós e conduz-nos a renovar esta consciência e esta fé que é muito importante”.

Segundo o padre Vasco Pinto Magalhães, nesta quadra tudo envolve uma preparação, “já que é um momento de grande celebração”, e “ninguém consegue passar ao lado de uma ideia tão bonita como o de nascer”, por isso, “o Natal tornou-se muito social e humano”.

Para o autor de diversos livros de espiritualidade, a celebração deve ser o “Natal do presente e não só a memória de 2 mil anos” mas um Natal do futuro.

 “Creio que tem de ser mais consistente se não ficamos pelo decorar a cidade ou as casas, não se pode ficar muito exterior”, acrescenta.

Num tempo em que a crise “não deixa que haja tantas prendas”, o presente de Natal é significativo uma vez que foi e é Deus que se faz presente num apelo “bastante mais fundo não tanto de dar presentes” mas de cada um tornar-se “presente, próximo” porque “o Natal é a festa da proximidade de Deus à humanidade”, clarifica.

“Um pai que tem o desejo de estar próximo dos seus filhos, um irmão que quer estar próximo do seu irmão, um espírito que quer animar toda a gente”, exemplifica o padre Vasco Pinto Magalhães.

Nesse sentido, para além do acolhimento à família, o sacerdote destaca também a necessidade de dar uma “atenção muito especial aos pobres, aos marginalizados, aos excluídos e não só por uma questão de solidariedade social” mas porque percebe-se que “é esse o sentido da fé cristã e o Natal concretiza-se porque se não fica abstrato”.

A consoada é por excelência a noite do encontro da família, do acolhimento que o sacerdote jesuíta considera uma “dimensão muito certeira” porque percebe-se que “a vida só faz sentido” se as pessoas se aproximarem umas das outras.

Por isso, para a noite de hoje o padre Vasco Pinto Magalhães aconselha como “grande gesto o abraço, ter vontade de dizer ao mundo que a vida vale a pena”: “Não é só falar disso mas realmente ir ao encontro de alguém que está triste, que precisa de ânimo. E mesmo na família deixar testemunhar que há uma vontade de perdão.”

Para leitura sugere o Evangelho ou “Um Deus à Flor da Terra”, de Christian Bobin, “que mostra um Deus com os pés na terra, comunicativo” e como celebração um “ato de agradecimento, parar a família e fazer uma lista das coisas a agradecer”.

PR/CB/OC



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