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Igreja sem fronteiras peregrina a Fátima

LeopolDina Reis Simões
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Em Fátima pela primeira vez, D. Leo Jun Ikenaga, Arcebispo de Osaka, Japão, presidiu às celebrações da Peregrinação Internacional Aniversária de Julho neste Santuário, que trouxeram a Fátima quinze mil pessoas vindas de vários países do mundo. Apresentando-se como peregrino, o Arcebispo de Osaka, logo na abertura da Peregrinação Aniversária, ao final da tarde do dia 12, revelou as suas intenções de oração durante a presença neste santuário: “rezar para que haja uma maior aproximação a Deus e dos homens entre si”. “É uma grande alegria estar aqui a rezar para que aconteça a mensagem de Maria”, “a Virgem Maria disse em Fátima que devemos converter-nos”, referiu D. Leo Ikenaga na ocasião, acrescentando que “apesar da mensagem, transmitida no século XX, chegamos ao século XXI e verificamos que existe ódio, violência e guerra”. Hoje, dia 13 de Julho, durante a eucaristia internacional da Peregrinação Aniversária, D. Ikenaga, reafirmou a importância da oração, como fonte e base da vida espiritual, após a conversão, que é o “voltar o coração para Deus”. “A oração é o fermento, é a base da nossa vida espiritual e de toda a nossa existência. Por vezes não sabemos como rezar. E cada um de nós tem a sua forma de rezar, de acordo com a raiz cultural, temperamento, âmbito familiar ou social. Por exemplo, os povos orientais valorizam mais o silêncio; os ocidentais concentram-se mais na palavra. Podemos rezar sós ou em comunidade. Mas, na realidade, a oração nunca é um acto isolado, pois existe uma ligação misteriosa entre as pessoas orantes. Podemos sentir que as nossas orações não são escutadas e os nossos desejos não são atendidos. Isso, por vezes, não será resultado da nossa pretensão, da nossa exigência? Oração não é uma exigência nem um negócio com Deus; é entrega confiante, na consciência de que somos transmissores do fluir da graça, "por encargo divino" (Col 1,25), no dizer da Segunda Leitura. A oração dá-nos alimento e consolo nas tribulações e adversidades (cf. Col 1,24)”. Nas palavras aos peregrinos de Fátima, proferidas em Japonês e lidas depois em língua portuguesa, o Arcebispo de Osaka, em cuja Catedral está também uma imagem da Virgem de Fátima com os Três Pastorinhos, realçou o papel de Maria como intercessora, como caminho para chegar a Jesus. “Quando nos sentimos desamparados, receosos, inseguros, lembramo-nos da nossa mãe, pois foi ela que nos amparou, protegeu e amou desde os primeiros momentos da nossa vida. Por analogia, Maria é nossa Mãe. Não é meta; a meta é Cristo. Mas é intercessora. Que ela interceda por nós com o seu coração maternal, para que possamos converter-nos cada dia e ser verdadeiros anunciadores de justiça e de paz”, disse D. Ikenaga. No contexto do tema anual proposto à reflexão – Não matarás! -, a Peregrinação de Julho teve como tema "Só Eu é que dou a vida e dou a morte". (Dt 32, 39). Na reflexão sobre o sentido da vida e da morte humana, durante a eucaristia da noite do dia 12, D. Leo Ikenaga sublinhou a experiência amarga da morte e a importância do crente se entregar a Cristo, na caminhada permanente até ao Senhor. “Quando desprezamos o mais débil, quando ignoramos o apelo daquele que sofre, quando esquecemos a necessidade do faminto de pão ou de uma palavra amiga, quando nos cerramos em nós próprios. Quando assim procedemos, estamos a anular a vida e somos co-responsáveis pela pobreza, pelo sofrimento e pela injustiça. É na entrega ao outro que seremos transmissores de vida, pois, como nos dizia S. Paulo na Segunda Leitura, "ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo". Na entrega ao outro, estaremos a viver com Cristo e em Cristo”, referiu o Arcebispo de Osaka em certo momento da homilia. NOTA: As homilias na íntegra e as fotos da Peregrinação estão disponíveis na página da Internet do Santuário de Fátima, nas pastas “Centro de Comunicação Social” e “Arquivo Multimédia”, respectivamente.


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