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Dia Mundial do Doente: Formação sacerdotal com atenção à fragilidade das pessoas

Agência Ecclesia
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Porta da capela do Hospital de Santa Maria
Porta da capela do Hospital de Santa Maria

Testemunho de seminaristas na capelania do Hospital de Santa Maria

Lisboa, 11 fev 2016 (Ecclesia) - A experiência na capelania do Hospital de Santa Maria ajudou a mudar a atitude de dois jovens seminaristas de Lisboa perante a pessoa doente, mais concretamente depois de colaborarem com as Irmãs Missionárias da Caridade.

“Eu guardo essas experiências para a vida e se um dia Ele me conceder ser sacerdote então utilizarei tudo isso que vivi para o meu trabalho”, revela Tiago Roque, que está no terceiro ano no Seminário dos Olivais.

Nesta casa das Irmãs Missionárias da Caridade, em Chelas, ao jovem seminarista levantavam-se muitas questões, uma vez que naquela realidade era ele que cuidava de pessoas em “final da vida” quando há uns anos, “quando era bebe”, podiam “perfeitamente” ter sido elas a cuidar dele.

“Acredito que para aquelas pessoas isso deve ser difícil mas a verdade é que nós estamos ali e somos chamados a fazer tudo com muito carinho e respeito pela pessoa”, acrescenta Tiago Roque.

Dany Gil, frequenta o quarto ano do Seminário dos Olivais, de Lisboa, e revela que o que mais o inquietou nesta casa de acolhimento das religiosas de Madre Teresa de Calcutá foi conhecer pessoas que “estavam realizadas profissionalmente”, como professores de economia e gestores de empresas, e que devido ao “flagelo” da droga acabaram por perder as suas vidas.

A capelania do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, é também um local de formação à Pastoral da Saúde dos dois jovens seminaristas.

“Ajuda-nos a amadurecer o nosso olhar sobre o ser homem segundo as nossas fragilidades e, portanto, saber olhar esta diferença no sofrimento”, comenta Dany Gil.

Segundo o seminarista do quarto ano, para além de distribuir a comunhão, muitas vezes era só pedido a presença física e as palavras davam lugar ao silêncio ou eram ouvidos atentos.

“Hoje percebo a razão pela qual não tinha palavras para dizer ao doente porque realmente a experiência do sofrimento é pessoal que só mesmo a própria pessoa que a vive a sente de maneira isolada. A pessoa que vai só pode estar aberta à escuta e fazer silêncio”, acrescentou.

Este serviço na capelania do hospital é feito ao domingo de manhã e para Tiago Roque levantar cedo era sempre difícil.

O jovem natural da Lourinhã levava a comunhão aos doentes que a desejassem receber: “Mas não só, acabávamos por ficar com os doentes e era-nos pedida essa atenção para que pudéssemos ouvi-los, sobretudo isso.”

Para o seminarista, estes encontros levava a ideia que “ia mudar alguma”, afinal os doentes precisavam de receber Jesus e “era isso que levava”.

“Com as formações e com a experiência, com o trabalho com os doentes aquilo que pude perceber é que não é nada disso, ou seja, é muito mais aquilo que nós aprendemos quando vamos ao encontro e estamos com eles do que propriamente aquilo que levamos a eles”, desenvolveu Tiago Roque.

Os doentes também queriam falar dos seus “problemas e daquilo que sentem”, acrescenta, recordando que desta experiência na Capelania do Hospital de Santa Maria, viu “muita esperança”.

“Esta experiência do hospital foi também enriquecedor para viver a doença de familiares, como a minha mãe e tios”, acrescenta ainda Dany Alves.

A experiência vai estar em destaque na emissão de sexta-feira do programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública (22h45).

SN/OC



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