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Imigrantes procuram apoio no Secretariado Diocesano das Migrações do Porto

OCPM
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Número não pára de aumentar

A imigração da Ucrânia tende a aumentar. Diariamente aparecem pessoas recém-chegadas a Portugal, que não falam nada de português e procuram alguma forma de ganhar dinheiro, mesmo sabendo que não podem legalizar a sua situação. Muitas pessoas que se reformaram na Ucrânia, estão a vir para Portugal, para ficar. Têm cá família, amigos e, segundo dizem, aqui podem viver mais ou menos tranquilos, enquanto que lá, com pouco dinheiro e a política actual, seria praticamente impossível. Teremos a partir de agora muitos mais imigrantes “não legais” – são os que se incluem nos pontos anteriores e que, dada a impossibilidade de obter visto na Ucrânia, vêm procurando desde há algum tempo forma de sair – uns através da Polónia (por este processo já alguns têm sido apanhados e deportados); outros através da obtenção de permissão para visitar alguém que convida(há já vários portugueses a fazer isto), mas com a firme disposição de ficarem cá. Temos atendido muitas pessoas nesta situação. Nos contactos com as pessoas, quer os que regressam de férias, quer os que chegam pela 1ª. vez, todos são unânimes a dizer que não podem viver na Ucrânia, que a situação está cada vez pior, a corrupção enorme, a vida mais cara de dia para dia, os preços dos bens de primeira necessidade tão ou mais caros do que em Portugal (com a diferença de salários... quando há trabalho...) Para termos 1 ideia: a tradução de 1 único papel (cada vez mais necessário a quem se desloca) custa 50 Euros; 1 Kg. de carne custa, nas cidades, 8 ou 9 Euros (salários metade e muito menos de metade dos nossos) De dia para dia vão aparecendo cá casos positivos, de algum sucesso – p. ex., há já várias famílias a comprar casa em Portugal (embora os salários continuem e ser, na generalidade, mais baixos do que os dos portugueses). Há também cada vez mais pessoas a procurar estabilizar a sua vida familiar, para ficarem definitivamente em Portugal. Por outro lado, há cada vez mais imigrantes a acumular o subsídio de desemprego com salários mais ou menos elevados, chegando mesmo a sair para trabalhar em Espanha, recebendo o subsídio de desemprego em Portugal. Fazem isto pelo máximo de tempo possível. Estas situações, de tremenda injustiça, são facilitadas pelas entidades patronais que procuram cada vez mais fugir aos compromissos resultantes da relação laboral (pagamento de Segurança Social, ....) A par desta situação, continuam a verificar-se as já habituais situações de miséria absoluta, desemprego, discriminação e exploração, bem como as enormes lutas contra burocracia e injustiças e a inacreditável morosidade do S.E.F. Acrescem a isto, as elevadíssimas quantias cobradas pelo SEF, pelos vistos, renovações, reagrupamento familiar, multas, etc. No caso das famílias, é praticamente impossível ter a importância necessária, já que os vistos são renovados (ou emitidos) todos juntos. Não há qualquer possibilidade de cobertura por parte da Seg. Social ou outros organismos. Continua a enorme dificuldade no arrendamento de casa (na generalidade). Os senhorios não gostam de arriscar o aluguer a imigrantes, a não ser que alguma instituição “credível” se responsabilize por eles (os fiadores). Aqui se inclui também o Secretariado. Continua a haver muita gente a alugar “casas” sem condições mínimas – barracos, anexos, lavandarias, “favelas” construídas ilegalmente, especialmente para imigrantes - a preços elevados, sem contrato nem recibos. Dados 1. Atendimento no Secretariado/Ano Pastoral 2004/05 - 4.400 casos dos países de Leste: · Rússia e Ucrânia – 65% · Moldávia e Bielorússia – 20% · Lituânia e Roménia – 8% · Cazaquistão – 3% · Polónia – 3% · Hungria – 1% 10 casos dos PALOP: Angola – 50% Cabo Verde e Guiné – 50% - 8 casos do Brasil - 5 casos de África (de língua não portuguesa) Marrocos, Senegal, Gana - 2 casos da América Latina 2. Situação actual da Imigração - Comunidades que criam menores dificuldades (acção, trabalho, abertura, relacionamento): Rússia, Hungria, Polónia e Lituânia. ·- Comunidades que criam maiores dificuldades (acção, trabalho, abertura, relacionamento): Ucrânia, Angola e Guiné. Estes dados são actuais e resultam da visão experimentada de quem anda no terreno há alguns anos e que vive com a imigração quase “24 horas por dia”, habituando-se, portanto, a observar e conhecer lado a lado, os pontos negativos e os positivos desta realidade tão exigente e, ao mesmo tempo, tão apaixonante. Maria E. Viterbo – Sec. Diocesano das Migrações


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