Nacional

Instituições com alma ao serviço dos pobres

Jornal da Madeira
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I Congresso da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social da Madeira

O I Congresso da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social da Madeira (IPSS), que decorreu entre 20 e 21 de Outubro, debateu “a natureza, os objectivos e o papel na sociedade contemporânea e no contexto nacional e regional, daquelas Instituições”. A sessão de abertura, que contou com várias entidades oficias, foi presidida por D. Teodoro de Faria. A verdadeira identidade das instituições ligadas à Igreja, em termos de solidariedade, tem por lema fazer “todo o bem por causa de Jesus Cristo; está no programa da Igreja, nas Bem-aventuranças; e isto, para nós, modifica todo o panorama que possamos ter em relação com outras instituições”, salientou o Bispo do Funchal. Na oportunidade, D. Teodoro de Faria apelou ao apostolado cristão, ao fazer o retrato daquelas Instituições quando tomou posse da diocese, em 1982: “As instituições sociais e caritativas da Igreja, com a excepção dos religiosos/as, estavam estagnadas e algumas até em decadência. Os Media pareciam interessados nos pobres mas apenas por questões de política partidária e até redicularizavam as caridadezinhas das Conferências Vicentinas, porque o que estava em causa era a justiça social que não se resolvia com esmolas. Afinal, voltamos novamente ao período das esmolas; as nossas cidades, e as da Europa, estão cheias de pobres a estender a mão... A Cáritas diocesana, nessa ocasião, tinha esgotado o seu poder criador e conseguiu-se com dificuldade dar-lhe uma nova vida; as Misericórdias estavam mortas, salvo a do Funchal. Ressuscitaram-se a da Calheta, devido ao seu pároco e a de Machico, devido a um leigo; a de Santa Cruz aprende agora acertar o passo e a do Porto Santo abortou no ventre da mãe”, lembrou então o Bispo do Funchal. Estas circunstâncias e outras relativas ao panorama actual justificaram a realização do I Congresso, conforme explicou também na sessão de abertura o Pe. Francisco Caldeira, presidente da União das IPSS da Madeira: “Este Congresso insere-se num contexto peculiar, onde se mostram sinais de esperança mas de apreensão quanto ao futuro. Observamos um mundo marcado pela economia lucrativa em que os recursos financeiros são muitas vezes mal distribuídos e uma sociedade individualista, pouco participativa. É urgente descobrir, redescobrir e reinventar a partilha desinteressada dos bens, das experiências positivas e das boas práticas que se concretizam no dia a dia, e lançar um olhar prospectivo para se encontrarem respostas inovadoras para as problemáticas. As Instituições de Solidariedade Social “são instrumentos ao serviço da pessoa humana, traduzindo de forma organizada a responsabilidade individual numa promoção do bem comum”, considerou o presidente da CNIS, Pe. Francisco Crespo um dos oradores convidados para o Congresso. Elas “constituem, hoje, o mais forte antídoto de luta contra o individualismo hedonista que tudo conduz à degenerescência das relações sociais, a um vazio social que cada vez mais tenderá a ser preenchido por um poder superior que, caso não seja prudentemente exercido, conduzirá ao totalitarismo estatal, desresponsabilizante; e necessariamente ao empobrecimento moral e cívico das comunidades humanas, bem como à falência da nação que queremos perpetuar”, alertou o Pe. Francisco Crespo. Lembrou ainda que o relacionamento das IPSS ligadas à Igreja com outras instituições deverá fazer-se “mediante acordos de parceria, respeitadores da identidade e da autonomia de cada um, em que se concretiza o diálogo e o entendimento mútuo, e se cumpre o dever de participação na construção do bem comum”.


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