A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), reunida em Fátima no passado fim-de-semana, pediu aos católicos portugueses um maior compromisso social.
“A paróquia não pode nem deve viver à margem da solidariedade ou da acção social”, diz o presidente da CNIS, Pe. Francisco Crespo. “Afirmei junto da CEP que cada vez mais é necessário que os nossos cristãos - que continuam a ser aqueles que mais contribuem para o poio da acção social – vejam o potencial que têm à sua frente para criar um cristianismo vivo e autêntico na pessoa do pobre, com verdadeiros testemunhos”, refere à ECCLESIA.
A mensagem tem em vista a concretização do sonho do Pe. Américo, adoptado também pelas instituições particulares de solidariedade social: fazer que cada freguesia cuide dos seus pobres.
“Esta é a única resposta viável e visível que eu encontro, enquanto ela não existir não vale a pena andarmos com macro-respostas”, assegura o Pe. Crespo.
A reunião nacional da Confederação foi o momento escolhido para a apresentação do “Estudo de Caracterização Social do País”, levado a cabo pela CNIS. Os dados revelam que a solidão é o principal problema dos portugueses, sobretudo dos idosos.
O texto revela que a solidão percorre a todos os extractos sociais e todo o país. A necessidade de uma maior consciência dos direitos e deveres pessoais e capacidade de denunciar problemas familiares são outras conclusões de um estudo que permite, agora, definir prioridades de intervenção social.
“A precariedade que estamos a viver neste momento espelha-se na luta permanente que levamos a cabo para obter pequenas migalhas. Defendo claramente que não devem ser os problemas económicos a surgir como obstáculos para a acção social senão continuamos no mesmo sem trabalho nem condições”, frisa o nosso entrevistado.
“Gastamos muito dinheiro em coisas de nenhuma importância e não assumimos os problemas do país. A Segurança Social deve sustentar toda esta margem de pobreza que existe entre nós e nós estamos preocupados com a resposta global que é preciso dar à população”, acusa ainda.
O presidente da CNIS enumera o problema do alcoolismo, o desemprego e da “degradação moral da sociedade” como pontos a ter em conta na definição de prioridades de intervenção social para o futuro.