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Institutos Religiosos de Portugal vão tomar posição sobre o tráfico de órgãos em Nampula

Octávio Carmo
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A Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos masculinos e femininos de Portugal (CNIR/FNIRF) está a ultimar um documento onde assumirá uma posição pública em relação ao tráfico de órgãos e crianças na província moçambicana de Nampula. Os casos foram tornados públicos no dia 13 de Setembro de 2003, numa denúncia assinada pelo Arcebispo de Nampula, D. Tomé Makhweliha, pelo Reitor do Seminário Inter-diocesano, Pe. Carlos Alberto Gaspar Pereira, pela leiga consagrada da Arquidiocese de São Paulo, Maria Elilda dos Santos, e pela superiora do Mosteiro Mater Dei, Ir. Maria Cármen Calvo Ariño (Ir. Juliana). Essa denúncia foi levada à reunião da Conferência Episcopal de Moçambique, que decidiu apresentar o problema ao Presidente da República, Joaquim Chissano. O Pe. Valentim Gonçalves, missionário do Verbo Divino e presidente da Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos, revela à Agência ECCLESIA que os mesmos se encontram, neste momento, “a recolher informação para procurar entender o que se passa na medida em que é possível entender”. Esta posição chega no dia em que O presidente da UA, Alpha Oumar Konaré, afirmou que a organização que dirige considera que as notícias sobre crianças raptadas e mortas em Moçambique “são meros boatos”. O responsável argumenta com os resultados dos inquéritos levado a cabo pelas autoridades de Maputo. A hierarquia da Igreja Católica em Nampula tem-se mostrado solidária com as missionárias que denunciaram a existência de tráfico de órgãos humanos na região e já repudiou notícias que "desprestigiam" essas denúncias. A Agência ECCLESIA sabe, contudo, que estes casos já eram comentados há alguns anos por missionários e voluntários portugueses que trabalharam em Moçambique, sendo que só agora se começam a aperceber da dimensão dos fenómenos que observavam. Os Institutos Religiosos de Portugal consideram que este “é mais um problema, dentro de uma cadeia enorme que mantêm o povo moçambicano numa situação de escravidão”. A posição pública da Comissão Justiça e Paz levará em conta os testemunhos dos missionários que se encontram no local e daqueles que, tendo trabalhado em Moçambique, regressaram a Portugal. “Mesmo não tendo a certeza que gostaríamos de ter, isso não nos deve inibir de dizer que algo vai muito mal e é preciso tentar que isso venha ao de cima”, conclui o Pe. Valentim Gonçalves. Para saber mais • Moçambique


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