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Interacção cultural, ética e cívica entre Escola e Sociedade

Voz Portucalense
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Conclusões das Jornadas Pedagógicas do Movimento de Educadores Católicos

Nos dias 11 e 12 de Março realizaram-se na Casa de Vilar as X Jornadas Pedagógicas promovidas pelo Movimento de Educadores Católicos, com o tema Escola e Sociedade: para uma interacção cultural, ética e cívica. Contaram com a participação de 325 professores inscritos, para além dos conferencistas e participantes ocasionais. Com a abertura do Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, as Jornadas debateram temas actuais da relação entre a Escola e a Sociedade em três dimensões: a análise das dinâmicas da sociedade de hoje, os conteúdos essenciais de uma educação completa e o relacionamento da escola com as suas principais envolvências: a família e a comunicação social. Foram os seguintes os temas e oradores: A sociedade portuguesa de hoje: uma leitura histórico-económico-política, por Alberto Castro, A oportunidade e o sentido de uma nova Lei Bases da Educação, por Joaquim Azevedo, ambos da Universidade Católica; A língua, a história e a cultura nos currículos escolares, por José Augusto Seabra – Escritor e Professor; A investigação científica como parte integrante da educação dos jovens, por Maria de Sousa da Universidade do Porto; A formação, ética, moral e religiosa na educação da juventude, por Anselmo Borges da Universidade de Coimbra; A comunicação social e a escola, por António Rego, da Universidade Católica; A sociedade portuguesa de hoje: uma leitura sócio-religiosa, por Américo Carvalho Mendes, da Universidade Católica: A liberdade de ensino no quadro do sistema educativo português, por Paulo Pulido Adragão da Universidade do Porto; Sensibilidade, estética e arte na formação da juventude, por João Maria André, da Universidade de Coimbra; A família, a sociedade e a escola: encontros e desencontros, por Maria Filomena e Paulo Osswald, do Porto. As conclusões das Jornadas Os mais de trezentos professores dos vários graus de ensino reunidos nas Jornadas Pedagógicas promovidas pelo Movimento de Educadores Católicos, sob o tema Escola e Sociedade: para uma interacção cultural, ética e cívica, concordam nas seguintes conclusões e propostas: Partindo de uma apresentação da sociedade portuguesa, nas suas vertentes económica, social, cultural e religiosa, os presentes analisaram os contextos actuais da acção educativa e as perspectivas de futuro, segundo os parâmetros actuais e as propostas da nova Lei de Bases da Educação. Neste contexto, reflectiram sobre os grandes conteúdos da acção educativa: a língua, a história e a cultura portuguesa; a investigação científica como parte integrante da formação dos jovens; a afectividade, a estética e a arte, e também a formação ética, moral e religiosa na construção da personalidade dos jovens; a interacção e colaboração entre a escola e a família. Em complemento, estudaram aspectos da determinante relação da escola com a comunicação social, procurando a relação entre a abundância da informação e a construção do saber. Tomaram nova consciência de que a escola desempenha um papel fundamental na construção das novas dimensões da sociedade; nesse sentido tomaram consciência da acção que individual e colectivamente devem desempenhar: buscar melhor formação, maior exigência e acção mais consistente no quotidiano das tarefas. Na concepção e acção das escolas, foram sensibilizados para a construção de uma escola mais livre, atenta a cada pessoa, mais comunitária e diversificada, mais rigorosa e de trabalho, com lideranças fortes e activas e capaz de criar compromissos sociais concretos. A valorização da língua e cultura portuguesa tem que respeitar e assumir as suas raízes, mas sempre na perspectiva de futuro, interligando a língua, literatura, a antropologia cultural, a história e a tradição, o passado, o presente e o futuro. Por sua vez, a formação científica deve promover hábitos de rigor, precisão, trabalho de equipa, a descoberta permanente do humano e da sua irmandade com a natureza: o produto da ciência é compreender a fraternidade e ajudar a transformar e aperfeiçoar o ser humano. A dimensão ética e moral deve conduzir à descoberta e inserção de valores em toda a educação, orientar para a autonomia, o domínio de si mesmo e o enriquecimento da relação com os outros. A relação da escola com a família deve ser de cooperação, de interacção, no respeito pela diferença e pelas necessidades educativas especiais, aprendendo regras de convivência e espírito de colaboração. A experiência estética, que é também essencial na construção da personalidade, deve ser presença, relação, dinâmica de crescimento. O paradigma estético é um paradigma educativo – a arte assumida como espaço dialógico dos afectos e das relações. A arte e a experiência estética ajudam a formar equilibradamente a complexidade do ser humano. Os professores presentes descobriram, ao longo destes dois dias, novas dimensões e novas dinâmicas para a sua acção pedagógica, procurando superar os limites impostos pelas estruturas e burocracias empobrecedoras. Aprenderam a superar pelo ideal as limitações do real. As jornadas tornaram-se assim uma fonte de enriquecimento que cada um vai tentará desenvolver no trabalho quotidiano, numa relação dinâmica com o grande objectivo da sua acção: ajudar a edificar os homens e mulheres de amanhã. Porto, 12 de Março de 2004.


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