Congresso Internacional lembra importância deste pregador e missionário português, nos 400 anos do seu nascimento
Como todos os grandes génios da humanidade, “o Pe. António Vieira nasceu antes do tempo e antecipou muitas coisas tanto no campo teológico como no campo literário” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Mário Garcia, jesuíta e um dos conferencistas do Congresso Internacional «Padre António Vieira: Ver, Ouvir, Falar: o Grande Teatro do Mundo».
Em relação a uma possível abertura da causa de canonização do Pe. António Vieira, o sacerdote jesuíta realçou “que este assunto já foi falado”. E avança: “sendo o Pe. António Vieira uma personalidade polémica visto que onde ele chegava, separava as águas (tinha sempre gente a favor e gente contra)”. Embora actuando de forma diferente, S. Francisco Xavier também separava as águas e “é santo”. Nestas questões, os “movimentos de base é que impõem a causa”. E acrescenta: “O Pe. António Vieira merecia ser canonizado”.
A decorrer em Lisboa, na Universidade Católica Portuguesa (UCP) e Universidade de Lisboa, de 18 a 21 deste mês, este congresso conta com vários especialistas internacionais sobre este jesuíta do séc. XVII. A sua “extraordinária capacidade inventiva e imaginação” fez com que ele utilizasse a Língua Portuguesa com “extraordinária maleabilidade” – refere o Pe. Mário Garcia que abordou a temática «Os sermões do mandato do Padre António Vieira: o método e a ordem».
Neste Ano Vieirino – para celebrar os 400 anos de nascimento do Pe. António Vieira -, o Pe. Mário Garcia recorda que o homenageado foi um “grande missionário”, mas é um “pregador ocasional” porque “prega em situações que precisa de defender determinadas ideias do ponto de vista religioso e político”. Um lutador convicto, mas que “vivia para o absoluto”. E adianta: “desprezava ninharias”.
Apesar do Pe. António Vieira ter sido um «homem de corte», o Pe. Mário Garcia sublinha que o homenageado nunca foi um “homem de poder”.
Em pleno Ano Paulino, este Ano Vieirino também tem um programa preenchido que leva o nome do Pe. António Vieira para além das fronteiras. “O Ano Paulino ultrapassa o Ano Vieirino, mas é bom que o Ano Vieirino se integre no Ano Paulino”. E explica: “o Pe. Vieira como missionário da Palavra – tal como o Apóstolo Paulo – foi verdadeiramente extraordinário”. Considerar o Pe. António Vieira o S. Paulo do século XVII não é de todo descabido. “Podemos dizer que S. Francisco Xavier foi o S. Paulo do Século XVI e o Pe. António Vieira o S. Paulo do Século XVII” – afirma o Pe. Mário.
Este «Imperador da Língua da Portuguesa» - afirmou Fernando Pessoa -, é um escritor “com o qual todos aprendem e são eles a reforçar esta nota”. E finaliza: “Seria uma pena se os escritos do Pe. António Vieira desaparecessem do Ensino Secundário”.
>> Dossier sobre o Pe. António Vieira