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João Paulo II pretende aproximar o pulmão ocidental e oriental da Europa

Luís Filipe Santos
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João Paulo II tem dado “uma atenção muito particular à experiência europeia” e nota-se também que ele “não privilegia o passado, no sentido de sublinhar o património cristão da Europa,” mas a presença do cristianismo “como factor de futuro” – disse à agência ECCLESIA Carmo Ferreira, professor da Universidade de Lisboa. Ao proferir uma conferência – “João Paulo II e a Europa: entre a memória e a esperança” -, num colóquio organizado pela Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa (UCP), este docente sublinhou que João Paulo II está “empenhado na europeização do continente: a aproximação do pulmão ocidental e oriental”. Neste iniciativa da UCP, que serviu para recordar os 25 anos de Pontificado de João Paulo II, o orador salientou que há um dado novo no discurso papal: “a construção da Europa é também um trabalho estético”. Nas preocupações de João Paulo II encontra-se “a intenção de corrigir a laicidade exclusiva” da futura Constituição Europeia. E acentua: “ele defende uma perspectiva inclusiva”. A consagração institucional da União Europeia deve ter “em linha de conta o fenómeno religioso”. Apesar da sua conferência abordar a questão da memória e da esperança, Carmo Ferreira realça que “João Paulo II é mais um homem da esperança”. Em relação à memória europeia, o Papa tem o cuidado de “não a canonizar” porque a História é “feita de luzes” mas também “da negação da influência cristã”. E cita dois casos negativos: “é insuportável para o futuro a divisão religiosa europeia” e “denuncia os novos muros que estão a reerguer-se na Europa”. Para João Paulo II – adianta Carmo Ferreira – “a humanidade precisa de pontes e não de muros”.


João Paulo II - 25 Anos