Realizaram-se de 21 a 23 de Novembro, na Casa Diocesana de Vilar as 3.as Jornadas Diocesanas do Apostolado dos Leigos, subordinadas ao tema Chamados a SERVIR – COMO? Os Leigos e as Vocações de especial consagração.
As Jornadas que, de ano para ano, têm vindo a registar uma crescente participação, contaram com cerca de 170 representantes de muitos dos movimentos, associações e obras laicais presentes na diocese, para além de alguns membros do conselho pastoral, de vários secretariados diocesanos, e de algumas paróquias.
Recordam-se os três objectivos das Jornadas deste ano:
· Tomar consciência das questões que se colocam hoje, à Pastoral Vocacional como “dimensão conatural e essencial das pastoral da Igreja, da sua vida, da sua missão” (João Paulo II, Pastores Dabo Vobis,34).
· Aprofundar o sentido teológico da vida consagrada, nas suas diversas expressões.
· Corresponsabilizar os Leigos e as Instituições Laicais no despertar de novas vocações, na Igreja Diocesana do Porto.
Em ordem à execução do primeiro objectivo, na sessão de abertura, presidida por D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, o Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações, na pessoa do seu director, o P. Jorge Manuel Madureira Soares, sensibilizou os presentes para as questões que hoje se colocam à proposta e acompanhamento das vocações ao sacerdócio, ressaltando que o “ambiente sociológico de fé” de outrora foi-se esbatendo nesta última década, para quase dar lugar a um ambiente favorável à descrença. Esta realidade é um desafio constante para a Igreja. Terá que empreender novos caminhos, numa linha de “aggiornamento” em que tanto insistiu o Concílio Vaticano II, mas num aggiornamento equilibrado que salvaguarde o clima necessário ao crescimento das vocações: espaços de silêncio, de experiência e de partilha. Assiste-se hoje à necessidade de uma proposta explícita e directa da vocação, o que implica remar contra os “valores” da sociedade moderna. Só através de uma forte convicção do valor da vida sacerdotal é que é possível trabalhar nesta linha que aponta para um futuro de esperança. Aos Leigos cabe também de dar a conhecer ao mundo a riqueza do dom da vocação sacerdotal que está ao serviço do bem deste mesmo mundo tão carente de Valores e de Deus.
O P. Lino Moreira, monge benedetino, também membro do Secretariado, ratificou a necessidade de dar visibilidade à vocação religiosa e de redescobrir que os religiosos são necessários na Igreja local e na Igreja universal, não tanto por causa das tarefas que desempenham, por mais úteis que elas sejam, mas primordialmente por causa do significado da sua vocação. Pela profissão dos conselhos evangélicos e pela vida comunitária, são testemunhas de que Deus é o único absoluto, são antecipação da nova humanidade, são desafio a seguir Cristo na total disponibilidade a Deus, à Igreja e aos irmãos. Por conseguinte nenhuma porção do povo de Deus pode dispensar o sinal da vocação religiosa.
Por último o casal Ângelo Soares e Maria Artur, também membros do Secretariado da Pastoral das Vocações, apresentaram os resultados de uma sondagem a um leque variado de entrevistados, desde jovens a adultos reformados, dando voz àquela porção do povo de Deus que crê e aposta nas vocações de especial consagração vividas com autenticidade. São sinais de esperança a exigência por parte dos jovens de um convite a uma interpelação pessoal, de um testemunho realizado, desprendido e feliz, num clima de harmonia e espírito de comunhão na vida da comunidade onde estão inseridos.
A finalizar, D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, lembrou que estas Jornadas pretendem restaurar o significado que sempre teve para os Leigos, anos atrás, esta Festa do Cristo Rei e, tendo em conta algumas das interrogações formuladas pelos intervenientes, frisou que a Igreja é constituída pela hierarquia e laicado, mas todos formamos uma só Igreja, onde as diversas formas de vida consagradas são queridas, necessárias e amadas. Todos nós, dizia D. Armindo, com palavras do Papa, precisamos de “dar um salto de qualidade” na nossa santificação. A conversão à novidade (de Cristo) é a grande necessidade da Diocese.
Vocação, carismas sacerdócio e comunidade
O segundo objectivo das Jornadas foi desenvolvido ao longo da manhã de Sábado, com duas valiosas e clarificadoras conferências:
· Vocação e Carismas: o sentido teológico da Vida Consagrada nas suas várias expressões, a cargo da Irmã Margarida Maria Macedo Ribeirinha (Doroteia).
· Sacerdócio e Comunidade: Bispos, Presbíteros e Diáconos para o serviço do Povo de Deus, a cargo do Cónego Álvaro Manuel Mancilha Veteriano, Reitor do Seminário Maior do Porto.
A Irmã Margarida, na sua introdução, deu logo testemunho do impacto que recebeu da família, “pequena Igreja doméstica”, em ordem ao despertar da sua vocação religiosa.
Abordou a vocação cristã integrada na vocação inicial à vida, isto é, o facto de existirmos significa que possuímos, cada um de nós, uma vocação específica com um projecto de vida, pensado amorosamente por Deus. A vocação cristã traduz-se nesta abertura ao Senhor, deixando-o agir em nós, segundo a Sua Vontade e a Sua Vontade é o chamamento à santidade ainda que com diferentes estilos de vida.
A essência da vida consagrada expressa-se na vivência dos Conselhos Evangélicos e na Vida Comunitária.
Num mundo em que muito poucos acreditam no amor gratuito, em que pensar em amor é pensar em “eu quero ser amado”, a vida consagrada dá na sua essência um testemunho de um Amor não possessivo, que vive em liberdade e se oferece em liberdade, que é implicativo mas não prende, que é doado e enraizado na relação com Deus Trindade.
Num mundo em que a luta pelo ter implica tanta destruição quer da natureza, quer de pessoas e bens, em que se vive para acumular não olhando o pobre, em que o fosso entre mundo rico e mundo pobre se agudiza e cresce desmesuradamente, em que as pessoas valem pelo que têm e não pelo que são, a vida consagrada dá um testemunho de que a vida é muito mais que possuir bens materiais que não nos deixam livres para a relação com os outros, é serviço com o que se é e tem, gerando comunhão entre a humanidade.
Num mundo em que vive o egoísmo, o individualismo, em que o que o conta “sou eu” em que tudo vale para que o indivíduo suba nos patamares da sociedade, em que só se dá conta do que se passa no mundo através da televisão, ou outros meios de comunicação, mas que nos deixa impávidos e serenos porque não é nada connosco, e mesmo assim vive-se infeliz porque cheios de solidão, a vida consagrada dá um testemunho real e concreto de que quando vivemos em comunidade somos mais ricos no ser – porque partilhamos e recebemos o que se é, somos ajudados a crescer com outros o que implica uma grande atenção a cada um e à comunidade, a ver o bem comum, exercita-nos para a participação afectiva e efectiva no bem da humanidade e a buscar em conjunto não só o bem mas o “Maior Bem” para todos.
O Cónego Álvaro Mancilha frisou a diferença entre sacerdócio ministerial e sacerdócio comum. Se há um sacerdócio comum do povo cristão, assente no sacerdócio único e singular de Cristo, este sacerdócio é um sacerdócio existencial que nos leva a nós, cristãos, a oferecer-nos ao Senhor na vida quotidiana. Contudo dentro deste sacerdócio existe uma vocação especial sacerdotal, conferida pelo Sacramento da Ordem. É o sacerdócio ministerial que tem a função singular e específica de dar continuidade à função de Cristo Mediador entre Deus e os homens: O serviço da Palavra, o serviço dos Sacramentos e o serviço do governo e da direcção do povo de Deus. Contudo o ministro ordenado com os seus serviços específicos não substitui o povo de Deus. Estão orientados um para o outro. O ministério ordenado não tem sentido sem a comunidade e a comunidade sem o ministério não existe.
Corresponsabilização eclesial e vocações
O terceiro objectivo das Jornadas foi desenvolvido na tarde de Sábado através do trabalho em grupos para reflectir sobre as questões levantadas à volta do tema das Jornadas seguido de um Plenário onde surgiram notas comuns, salientando a necessidade de corresponsabilização por parte dos Leigos em estabelecer nas diversas comunidades familiares, paroquias e Instituições Laicais um “clima favorável” ao desenvolvimento e acompanhamento das vocações de especial consagração. Os testemunhos de uma família, uma paróquia e de um sacerdote evidenciaram o facto de que, hoje, como outrora, Deus continua a dirigir o apelo “vem e segue-me”. A todos nós, enquanto comunidade, povo de Deus, cabe o desafio de encontrar o “espaço” para saber acolher este chamamento e responder com amor.
D. António José Cavaco Carrilho, Bispo Auxiliar do Porto, que tem a seu cargo a área do Apostolado dos Leigos na Diocese e impulsionador desde a primeira hora das Jornadas foi de incentivo a todos os que nelas participaram no sentido de prosseguirem a reflexão nos diversos grupos apostólicos e de serem fiéis à vocação de cada um dentro do carisma específico de cada Instituição.
Celebração, Festa e homenagem
As Jornadas tiveram o seu ponto alto na Eucaristia de Domingo, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, presidida por D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, celebradas com grande participação de fiéis na Sé Catedral.
Tal como estava anunciado, a sessão de encerramento das Jornadas, aberta a toda a diocese, realizou-se à tarde no grande auditório da Casa Diocesana de Vilar e foi também presidida pelo Bispo da Diocese, com a presença de D. António Carrilho e da equipa organizadora.
A informação sobre as Jornadas, apresentada por Julinda Brochado, membro da Equipa Diocesana dos Movimento e Obras Laicais, seguida de uma conferência subordinada ao tema das Jornadas pelo P. Jorge Manuel Madureira Soares, transmitiram aos presentes, de forma necessariamente sucinta, a urgência de levar à prática a implementação dos caminhos apontados como a melhor forma de dar uma resposta à crescente necessidade de vocações de especial consagração.
A segunda parte da tarde foi animada com um rico programa musical executado por um grupo de flautistas, crianças e adolescentes, da Igreja da Lapa seguido de alguns trechos clássicos de pelo coro polifónico daquela Igreja do Porto.
A Igreja da Lapa e a equipa diocesana que organizou as jornadas quiseram associar-se num gesto simbólico, com a oferta de flores a D. Armindo, no âmbito das celebrações Jubilares dos 25 anos de episcopado e dos 50 anos de sacerdócio do Bispo do Porto.
A palavra conclusiva do Bispo do Porto, que agradeceu o gesto de carinho por parte do laicado da Diocese, foi de estímulo para todos os que colaboraram na preparação e todos os que participaram nas Jornadas sinal de vitalidade e de esperança para toda a Diocese.
Esperança e optimismo
Das palavras do Bispo da Diocese ressaltou claramente a inquietação e a esperança: inquietação pela carência de sacerdotes para o serviço diocesano e esperança de que a acção do Espírito e a dinâmica das comunidades e das pessoas possa fazer surgir na Igreja as necessárias vocações consagradas e de serviço. Foi veemente o seu apelo às paróquias e comunidades, às famílias, aos grupos de juventude, aos catequistas, aos educadores e professores de educação moral e religiosa no sentido de promover um “salto de qualidade” e criar na Diocese um “momento de solicitude diocesana” que leve à criação de bases para uma pastoral vocacional, assente na maior responsabilização dos leigos, através de uma “responsabilização assumida”, na tensão entre o que é possível e necessário e o que podemos fazer. Apelou à oração, na esteira da palavra evangélica: “pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”.
Apelando aos “leigos chamados à disponibilidade”, insistiu na necessidade de empenhamento pastoral pelas vocações: “É agora o tempo decisivo”, afirmou.
Mas, neste apelo veemente, quis sempre presente uma palavra de optimismo e de esperança.
Problemas da educação em análise na Universidade Católica
O Instituto de Educação da Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto), ao qual preside Joaquim Azevedo, anuncia a realização de um ciclo de oito sessões de formação, dirigidas aos pais, com o título (provocatório?): Vamos falar de educação... porque os pais não são heróis, que decorrerá de 9 de Janeiro a 27 de Fevereiro de 2004.
A intenção deste ciclo é que os pais reconheçam a necessidade de aprender e reflectir sobre a vida dos seus filhos e sobre a educação que lhes devem transmitir. Na verdade, não é preciso ter “grandes problemas” para descobrir que muitas vezes, é difícil lidar com situações que constituem um desafio à capacidade de ser pai e mãe, valendo a pena procurar ajuda para os ultrapassar e tornar o dia-a-dia mais agradável para todos.
O Curso desenvolve-se em sessões plenárias (no início e no final) e em sessões parcelares.
É o seguinte o programa deste Curso: No dia 9 de Janeiro, A família no século XXI, por Manuel Braga da Cruz, Reitor da Universidade Católica (sessão plenária); no dia 16 de Janeiro: um olhar clínico sobre os primeiros anos de vida; a socialização da criança em idade escolar; a puberdade, o corpo e a sexualidade (sessões parcelares destinadas, respectivamente, a idade pré-escolar (0-6 anos), idade escolar (6-12 anos) e Adolescentes (12-18 anos). A 23 de Janeiro, a função do brinquedo e do jogo; o desenvolvimento afectivo e emocional; as emoções à flor da pele (sessões parcelares); no dia 30 de Janeiro, o desempenho da parentalidade: ser pai e ser mãe; Educar rapazes, educar raparigas: é igual ou é diferente?; a família e o grupo de pares (sessões parciais); no dia 6 de Fevereiro: Desenvolvimento moral: as regras, os limites e o castigo; a educação cívica e os valores; Desenvolvimento cognitivo e moral (sessões parciais); No dia 13 de Fevereiro: A vida psíquica da criança; o papel da disciplina; o comportamento de risco (sessões parciais); no dia 20 de Fevereiro: Adaptação ao Jardim de infância e transição para o 1.º ciclo; desempenho escolar e estratégias de apoio familiar; o desenho de um projecto de vida; no dia 27 de Fevereiro: A educação religiosa de crianças e adolescentes, pelo P. Vasco Pinto de Magalhães (sessão plenária).
As sessões são ministradas por médicos psicólogos, médicos, educadores de infância, professores e outros profissionais, Todas as sessões são ás 21 horas dos sias indicados, todos sexta-feiras. Inscrição: 175 euros por casal e 100 individual. Limite: 34 pessoas por curso.