Gerador de desenvolvimento local, o jornalismo de proximidade pode subsistir à custa de cumplicidades com o poder autárquico, empresarial ou elites da região. Porque não sobrevive sem o mínimo de publicidade, corre o risco de sobrepor critérios comerciais a deontologia do jornalismo.
Pedro Coelho, jornalista que investigou a proximidade nos media, fez uma radiografia onde generalizou essa postura na maioria dos títulos de imprensa regional. Acrescem ainda marcas anacrónicas que fragilizam o chamado jornalismo de proximidade: falta de profissionalismo; precariedade laboral; excessivas dependências das mesmas fontes; inexistência de uma prática que promova a investigação.
Diante de um quadro generalista (que não se revê na maioria dos títulos da imprensa de inspiração cristã, como comprovou o debate que se seguiu à intervenção do jornalista da SIC), Pedro Coelho adiantou um conjunto de desafios ao jornalismo de proximidade, para que e transforme em comunicação social de valores, ao serviço do desenvolvimento local: profissionalização dos jornalistas; criação de empresas que funcionem com critérios transparentes; aposta em reportagens que promovam o desenvolvimento do espaço público. “Ao jornalista deve ser garantido um grau de independência que questione o poder” quando têm que ser questionado. “Mesmo sendo jornalista de proximidade, não pode deixar de ser jornalista”, referiu. Por isso se justifica a necessária formação, específica para um jornalismo de proximidade.
Em análise esteve a comunicação social regional. Se estivesse a nacional, nos mais diferentes meios de comunicação, o diagnóstico ainda seria pior. Porque nos meios nacionais parece ser mais complicada a separação entre desenvolvimento da informação e diferentes expressões do poder, Pedro Coelho desafiou os títulos locais a separarem os âmbitos e a “assumirem-se como pilares de espaço público local”.