Apelou-se no XXV Encontro de Guias-intérpretes, em Fátima
“Se entrarem na lógica meramente formal da arte (arquitecto, datas e estilos), os guias e intérpretes turísticos correm o risco de serem autênticas «cassetes»” – alertou o Pe. António Boto, pároco de Santa Catarina do Monte Sinai e Director do Departamento de Bens Culturais do Patriarcado de Lisboa, no XXV Encontro de Guias-intérpretes, realizado em Fátima. Em declarações à Agência ECCLESIA, o Pe. António Boto – proferiu a conferência «Como ler uma catedral» - sublinhou que os guias não devem fazer apenas uma leitura formal do objecto mas também “uma leitura da simbólica cristã”. Nesta acção formativa, concretizada dia 9 de Janeiro e que contou com cerca de 100 participantes, o sacerdote disse-lhes que “a Igreja é a assembleia cristã que ali se reúne e é isso que dá sentido e expressão ao edifício arquitectónico”.
Como se tratava de assinalar uma data importante – a realização das bodas de prata destes encontros – o programa teve uma “forte componente comemorativa, marcada pelo tom de acção de graças” – realça o Pe. Virgílio Antunes, director do Serviço de Peregrinos do Santuário de Fátima. Na sessão de abertura, Mons. Luciano Guerra, reitor do Santuário, fez um breve relato do que foram estes vinte e cinco anos de encontros e considerou que este trabalho tem dado resposta a um interesse do Santuário, que pretende ajudar os Guias-intérpretes a conduzirem adequadamente os grupos que ali levam em peregrinação mas disse também que responde a um interesse dos Guias que pretendem exercer com profissionalismo e competência a sua actividade.
Fazer uma leitura contemplativa da arte
Na sua exposição, o director do Departamento dos Bens Culturais do Patriarcado de Lisboa frisou aos participantes que a arquitectura na história da arte “muda tanto e tem tantas transformações que é preciso conhecê-las”. E acrescenta: “é necessário conhecer o ritmo que a igreja nos oferece”. Depois de explicar que a porta da Igreja transporta-nos “para outra realidade e retira-nos do mundo profano”, o Pe. António Boto realça que os aspectos geométricos estão relacionados com “a dimensão terra/céu e céu/terra” e o altar “é o ponto de convergência de toda a Igreja”. Na caminhada peregrina – esclareceu o pároco de Santa catarina – é necessário dar espaço à contemplação e “saber fazer leitura contemplativa da arte”.
Mons. Luciano Guerra pediu também ao grupo que continuasse a progredir como corpo de Guias, admitindo mesmo a hipótese de se fazer evoluir para uma associação, que tivesse como objectivo o encontro das pessoas e a progressão na linha da competência relativamente à condução dos grupos que solicitam o turismo religioso ou a peregrinação.
Viagem comemorativa
Integrada também nas comemorações das bodas de prata destes encontros foi marcada uma viagem comemorativa – de 4 a 7 de Fevereiro – para os Guias-intérpretes.
Programa4 a 7 de Fevereiro de 2006
1° Dia - Lisboa - Guimarães
07h30 - Encontro no Marquês de Pombal
08h00 - Saída de Lisboa, com passagem por Fátima
13h00 - Almoço em Guimarães
15h00- Visita da Colegiada e do Museu Alberto Sampaio
17h00 - Conferência na pousada de Nossa Senhora da Oliveira: «As origens do Condado Portucalense - porque nos separamos do Reino de Leão? Causas da independência Portuguesa».
19h00 - Eucaristia 20h00 - Jantar e alojamento
2° Dia - Guimarães - Bragança - Zamora
08h30 - Saída de Guimarães, com passagem em Vila Real, em direcção a Bragança 13h00 - Almoço em Bragança
15h00 - Visita a pé da Bragança medieval
17h30 - Saída para Zamora, passando por Alcañices, relembrando o Tratado de 1297
2Oh00 - Jantar e alojamento em Zamora.
3° Dia - Zamora
08h30 - Dia totalmente dedicado a Zamora, com visitas e conferência sobre os diferentes Tratados relativos ao reconhecimento do Reino de Portugal e novas fronteiras
19h00 - Eucaristia
20h00 - Jantar e alojamento em Zamora
4° Dia - Zamora - Salamanca - Fátima - Lisboa
08h30 - Partida de Zamora, com passagem por Salamanca, visita e tempo livre
14h00 - Saída de Salamanca, com passagem por Fátima e regresso a Lisboa