A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre está a ter um papel significativo no processo de Reconciliação Nacional em curso em Angola. Prova disso é o caso da diocese de Malange, onde o padre Benedicto Sánchez Peña coordena todo o trabalho de ligação com as forças armadas, presos militares, mutilados de guerra e populações civis.
“Muito obrigado pela estimável ajuda. Não tenho palavras para agradecer”. É assim que termina a carta enviada pelo padre Benedicto Sanchez Peña, da diocese de Malange, Angola, ao Presidente da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, em Portugal, pelo apoio prestado por esta instituição ao processo de reconciliação em curso naquele país de África, após uma das mais prolongadas e mortíferas guerras civis de que há memória em todo o continente.
A Igreja Católica participa activamente no vasto projecto de Reconciliação Nacional em curso em Angola, iniciado logo após o fim das hostilidades, em 2002, entre as Forças Armadas governamentais e o exército da UNITA.
O apoio prestado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, além da colaboração com projectos de desenvolvimento levados a cabo pela Igreja local, consiste no envio de alguns milhares de livros catequéticos como “Deus fala aos seus filhos” ou “Eu Creio”, editados em língua portuguesa e essenciais para a Educação Moral e Religiosa Católica.
“Todos os catequistas, grupo coral, escuteiros, grupos de casais, leitores e demais cristãos estão a receber os livros”, afirma o padre Benedicto Peña na missiva dirigida a Paulo Bernardino, acrescentando que “como estou a trabalhar nas Palestras da Reconciliação Nacional, são os livros que me servem de uma grande ajuda para falar da reconciliação, perdão e diálogo com os numerosos grupos de jovens soldados que estão a receber as palestras”.
Entre o grupo de militares envolvidos neste projecto de Reconciliação Nacional, o padre Peña dá conta da existência de “jovens presos de guerra”, a quem os livros servem de “grande ajuda aos domingos de tarde nas prisões militares”.
O envolvimento do Secretariado em Portugal da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre na ajuda a Angola recebeu um impulso com a prolongada visita que o seu Presidente, Paulo Bernardino, realizou a esse país, durante os meses de Setembro e Outubro do ano passado, a convite da sua Conferência Episcopal.
Para o padre Sánchez Peña, o auxilio prestado por Lisboa corresponde efectivamente aos pressupostos da existência da organização fundada pelo padre Werendried van Straaten: “levar o Evangelho aos ambientes descristianizados”, explicando que são “jovens que viveram toda a sua vida num sistema marxista mas que agora recebem com muito agrado a alegria a mensagem de Jesus através de todos estes livros”.
Paulo Aido – Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre