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Lisboa: Discriminação religiosa e refugiados marcam colóquio de investigadores na Universidade Católica

Agência Ecclesia
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«Religião não pode desistir de inspirar a sociedade», disse o vice-reitor da instituição, padre José Tolentino Mendoça

Lisboa, 08 jun 2016 (Ecclesia) – A discriminação religiosa no mundo e o drama dos refugiados são temas levados a debate num colóquio de investigadores que se conclui hoje na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da UCP, referiu que “o contexto atual” deve desafiar “a ampliar o conhecimento, em termos da religião e do seu papel na convivência entre as pessoas e as culturas”.

“E esta é a grande missão de uma universidade, abrir as suas portas à ciência, à procura da verdade, ao debate aberto de todos os temas, ao seu aprofundamento mais sincero. A universidade é um grande laboratório de reflexão sobre o humano”, apontou aquele responsável.

Intitulado “A religião nas múltiplas modernidades”, o colóquio conta com cerca de 70 investigadores e estudantes inscritos, vindos de vários pontos do país.

A iniciativa que se iniciou esta terça-feira é organizada pelo Centro de Estudos de Religiões e Culturas da UCP, em parceria com o Centro de Estudos de História Religiosa, da mesma universidade, com o Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra, e o Instituto de Sociologia, da Universidade do Porto.

O padre José Tolentino Mendonça sublinhou a importância da investigação ajudar a “identificar o modo como a religião pode ser uma fonte de paz, de encontro e de reconciliação”.

Confrontado com a questão da religião poder estar hoje a perder a sua força, numa sociedade marcada por fenómenos como o fundamentalismo e pela defesa de leis e de práticas que atentam contra a vida, como a eutanásia, o vice-reitor da UCP disse à Agência ECCLESIA que é precisamente neste tempo que “a religião não pode desistir de inspirar eticamente a sociedade”.

“Não há causas perdidas no que ao humano e ao fundamental do humano diz respeito, e as nossas sociedades precisam de um diálogo ético, de encontrar um caminho comum” e a religião deve ajudar a marcar essa “agenda ética”, complementou.

Esta é a segunda vez que a Universidade Católica Portuguesa acolhe um colóquio desta natureza, e o objetivo é construir uma rede de investigares que abra a porta a um debate interdisciplinar que facilite a busca e a partilha do conhecimento na área religiosa.

“A nossa orientação é não fazer um colóquio encerrado apenas com os interesses dos investigadores mas aberto a outros públicos”, frisou Alfredo Teixeira, do Centro de Estudos de Religiões e Culturas da UCP.

Sobre os temas mais mediáticos que foram levados ao colóquio, como a discriminação religiosa e os refugiados, o investigador sustentou que “a religião em momentos históricos diferentes constrói coisas diferentes e é aquilo que os seus crentes forem”.

“Nós temos hoje uma grande sensibilidade para com os problemas que, em alguns contextos, são criados por grupos e indivíduos que reivindicam a sua identidade religiosa através da agressão ao outro. E inscrever este problema no domínio do conhecimento, porque é que isso acontece, ajuda-nos a prevenir melhor esses fenómenos”, apontou.

O colóquio conta hoje com um painel que abrange temas como “a relação entre modernização e secularização em Portugal”, a “dignidade feminina no magistério católico-romano recente” e a “criatividade ritual na devoção dos peregrinos de Fátima”.

JCP



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