Lisboa: Obra literária apresenta Misericórdias Portuguesas como pilares fundamentais da sociedade
Projeto é da responsabilidade do historiador Manuel Ferreira da Silva, que acompanha aquelas instituições há mais de 27 anos
Lisboa, 24 nov 2011 (Ecclesia) – O historiador Manuel Ferreira da Silva apresentou esta quarta-feira, em Lisboa, um livro sobre «As Misericórdias Portuguesas - Padrões de Fé, de História e de Cidadania», onde classifica aquelas entidades como pilares fundamentais da sociedade.
Em declarações à ECCLESIA, ele explicou que o livro é resultado de um “trabalho permanente de investigação quase total”, que começou a ganhar forma há mais de 27 anos, quando a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) dava os seus primeiros passos.
“O padre Virgílio Lopes, saudoso fundador da instituição, foi me buscar à Rádio Renascença para lhe fundar o jornal e desde então aqui tenho permanecido”, realça.
Para além do lançamento do jornal “Voz das Misericórdias”, o investigador de 93 anos escreveu diversos textos sobre as Santas Casas e promoveu várias conferências de caráter histórico, cultural e religioso.
A sua obra mais conhecida, “A Rainha D. Leonor e as Misericórdias Portuguesas”, foi escrita em 1998, no âmbito dos 500 anos da implementação daquelas valências em Portugal, tendo merecido inclusivamente um louvor da parte do Papa João Paulo II.
“Na medida em que ia descobrindo coisas, ia carrilando todo esse material que se foi acumulando na minha secretária, nas gavetas, nos livros, em tantos bocadinhos de papel que eu hoje até digo: aquilo que hoje é apenas um papel, daqui a 20 anos é um documento”, brinca o historiador.
Para o presidente da UMP, Manuel Lemos, o facto das Santas Casas apadrinharem a apresentação do novo livro é uma forma de dar destaque a um “autêntico arquivo histórico” e a uma figura que todos os dias “deixa algo de novo” para o trabalho daquela rede de solidariedade.
Indo ao encontro da forma como as Misericórdias são apresentadas - como um “tripé” da sociedade - aquele responsável acrescenta que elas “são sobretudo instituições da comunidade”, “que mergulham muito fundo as suas raízes nos valores da Igreja Católica”.
“Em nome da caridade e de um sentido de solidariedade, vamos muito além daquilo que nos é exigido, como por exemplo no caso das cantinas que temos, em que não há qualquer acordo com o Estado”, sustenta.
A UMP coordena cerca de 400 Santas Casas de Misericórdia em Portugal e apoia a fundação e recuperação de organismos similares em Angola, Moçambique, Timor e São Tomé e Príncipe, bem como nas comunidades de emigrantes.
A criação da primeira Misericórdia portuguesa ocorreu em Lisboa no ano de 1498, pela rainha D. Leonor, inspirada no exemplo de instituição semelhante fundada em 1244 na cidade italiana de Florença.
O nome destes organismos deriva das 14 obras de misericórdia, corporais e espirituais, que a tradição cristã chama às práticas de caridade que concretizam o amor ao próximo.
JCP
União das Misericórdias