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Lisboa: seminaristas e religiosas abrem portas durante uma semana

Lígia Silveira
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As portas do Seminário dos Olivais e a Casa das Discípulas do Divino Mestre, em Camarate, vão abrir as suas portas aos jovens, rapazes e raparigas, para uma experiência de uma semana ao ritmo da vocação. Não é a primeira vez que os seminários e as casas religiosas abrem as suas portas à curiosidade mas também à experiência vocacional, onde o «Vinde e Vede» se aplica por inteiro. Durante um dia ou para uma experiência de alguns dias, as portas já foram abertas para uma vivência diária a um ritmo muito próximo do que é habitual para quem assume o sacerdócio ou os votos religiosos. Esta experiência, no entanto, vai mais longe e quer envolver durante uma semana quem já escuta uma interpelação ou tem curiosidade sobre a vida dos religiosos. A experiência decorre entre os dias 26 de Abril e 1 de Maio, na semana de Oração pelas Vocações. Os participantes não irão abdicar da sua vida durante esses dias. O programa prevê que os jovens estudem durante o dia, se for o caso, e que participem da vida comunitária nos restantes momentos, designadamente de manhã e a partir do final do dia. O Pe. José Miguel Pereira, responsável pelo sector de animação vocacional do Patriarcado de Lisboa, acredita que estes dias vão permitir “desfazer ideias de que a vida numa casa religiosa ou num seminário é algo fechado†e oferece aos jovens “a experiência de uma vida sacramental diáriaâ€, explica à Agência ECCLESIA. Os jovens que irão passar a semana no Seminário dos Olivais vão poder contactar com os seminaristas que ali vivem. “O objectivo é que os jovens se integrem nos ritmo da casa. Nas refeições, nas orações, na eucaristia diária, nos convívios e demais tarefasâ€, traduz. A Quarta-feira é o dia comunitário “onde os jovens irão também participarâ€. Nos restantes dias haverá actividades próprias onde se inclui “uma tertúlia sobre as vocações onde os seminaristas poderão também participarâ€. Do contacto que mantém com jovens, o Pe. José Manuel Pereira percebe um grande “desconhecimento sobre as vocações religiosasâ€. No entanto, no contacto mais próximo “ouvem-se comentários de surpresas e espanto, porque achavam que os seminaristas não eram normais e tinham uma vida ausente de convívio, de conversas, de contacto com o mundo exterior. Há o mito de que se passa o dia a rezarâ€. Estas oportunidades podem ajudar “a desconstruir estes clichés embora os que já têm uma interrogação vocacional, e que são acompanhados, tenham ideias mais próximas da realidadeâ€. A iniciativa é dirigida a jovens que estão a fazer uma caminhada de acompanhamento vocacional. “Quisemos oferecer, sobretudo a estes jovens que se interrogam, uma experiência com uma comunidade, ao ritmo da comunidadeâ€. Mais do que proporcionar momentos de escuta “quer-se estar comâ€, acrescenta. No entanto, a proposta é ampla e não se restringe a quem faz já acompanhamento. “Dirigimo-nos também às comunidades paroquiais para que, qualquer jovem que queira, possa participar nesta experiênciaâ€. Necessário será “ter algo mais do que apenas curiosidade. É importante que o jovem queira descobrirâ€. Sem adiantar números o responsável garante haver já candidatos, quer para o Seminário dos Olivais como também para a Casa das Discípulas do Divino Mestre, em Camarate. A vocação sacerdotal “tem alguma visibilidade, pois é uma presença nas paróquiasâ€, mas “sobre frades e freiras é tudo muito difuso. Abundam os clichésâ€. Por isso, assume, em especial para as raparigas, ser “uma oportunidade para viver numa comunidade religiosa é importanteâ€. Este poderá ser um tempo forte de oração e de escuta. “A semana é uma oferta, poderá fazer despertar alguma coisa, ou não. Não será a semana que vai dizer algo em absolutoâ€, adianta o sacerdote. No entanto, ao longo da semana “haverá sempre a possibilidade de se estabelecerem conversas pessoais, de partilha e acompanhamento, que a própria vivência da semana faz despertarâ€. Ao entrar no ritmo da comunidade haverá espaços para questionamentos normais que surjam, “até no recolhimento do seu quarto, num ambiente propício para a interiorizaçãoâ€.


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