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Manoel de Oliveira, hoje, no Cinema

Francisco Perestrello
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A longa carreira de Manoel de Oliveira tornou-se especialmente notada nos anos mais recentes. Quando tudo indicava que iria espaçar a sua actividade passou a realizar, de forma infalível, um filme por ano e, sentindo-se por vezes "desempregado", ainda acrescentou trabalhos intercalares, como é o caso do excelente "Porto da minha Infância". Em 1998 foi homenageado no Rivoli do Porto pela passagem dos 90 anos e aí se prometeu nova homenagem para o seu centésimo aniversário. Mas o mundo antecipou-se e o ano corrente tem sido fértil em prémios e homenagens. Os mais significativos, sem menos respeito pelos restantes, terão sido a Palma de Ouro de Cannes e o Leão de Ouro de Veneza, atribuídos ao conjunto da sua obra. As palavras do premiado foram claras ao dizer que preferiu um prémio directo, a outro que o fosse em concorrência com os seus colegas. É bem conhecido pelo público, pois basta seguir os noticiários para, com frequência, ouvir o seu nome. Quanto ao conhecimento da sua obra a situação é diferente, havendo muito quem se limite a "Aniki Bobó", supondo que todos os outros filmes são obras intransponíveis para o comum dos mortais. É certo que Oliveira nem sempre é acessível à generalidade dos espectadores. A arte atrai-o, a concretização de sonhos também. Tal como "Francisca" é arte pura, e por isso destinado a apreciadores com a necessária cultura, o já referido "Porto da minha Infância" diverte e segue-se sem esforço, tal como "A Carta", uma comédia deliciosa que lhe deu muito prazer realizar, ou "Viagem ao Princípio do Mundo", uma autobiografia, verdadeira homenagem ao seu irmão Casimiro. Mas bastaria "Vale Abraão" para este cineasta ficar marcado como uma das grandes figuras da História do Cinema, o que se reforça com diversas outras obras-primas. No ano corrente esperamos ainda "Singularidades de uma Rapariga Loira" e, logo de imediato, "Os Invisíveis", que estão presentemente em curso ou em preparação. Francisco Perestrello


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