Nacional

Marianos da Imaculada Conceição em celebração jubilar

Pe. Basileu Pires
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A Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição celebra, este ano, os 250 nos da sua primeira vinda para Portugal e os 50 anos do seu regresso. A celebração principal deste duplo Jubileu é no próximo sábado, dia 1 de Maio, no Convento de Balsamão, Diocese de Bragança-Miranda. 1. A primeira vinda dos Marianos para Portugal A Ordem dos Marianos da Imaculada Conceição foi fundada em 1673, pelo Pe. Estanislau de Jesus Maria Papczynski, na Polónia. Obteve aprovação pontifícia a 24 de Novembro de 1699, pelo papa Inocêncio XII, com uma tríplice missão: 1. Defender o mistério da Imaculada Conceição (Este dogma de fé ainda não tinha sido definido pela Igreja); 2. Oferecer sufrágios pelas almas do purgatório; 3. Prestar auxílio aos párocos no ensino da catequese ao povo simples e na administração dos sacramentos. Por um suposto convite do rei de Portugal, D. José I, a 16 de Outubro de 1753, chega a Lisboa o Pe. Frei Casimiro Wyszynski, da Ordem da Imaculada Conceição, para fundar a mesma em Portugal. Acolheu-o em sua casa o Pe. António de Sousa Salazar. Depressa se deu conta da verdade dos factos: o rei não tinha feito nenhum convite aos Marianos; o convite tinha vindo do Padre em cuja casa estava hospedado, que queria servir-se dos Marianos apenas para satisfazer as suas ambições pessoais. Depois de sofrer muitas humilhações do referido Padre e, com a ajuda de alguns amigos, ter sido libertado da sua nefasta influência, soube da existência do Eremitério de Balsamão, em Trás-os-Montes. Obtida a licença do Bispo de Miranda, D. João da Cruz, de vir para esse eremitério e aí implantar a sua Ordem, chegou a Balsamão no dia 6 de Setembro de 1754, tendo sido muito bem recebido pelos eremitas e pelas autoridades de Chacim. Na visita de apresentação que fez ao Bispo, oito dias depois da sua chegada, foi nomeado superior dos Eremitas e, a pedido dos mesmos, foi autorizado a dar-lhes o hábito dos Marianos e a admiti-los à profissão religiosa, depois de feito o noviciado. A 13 de Abril de 1755, Frei Casimiro deu o hábito e admitiu ao noviciado 5 desses eremitas e aceitou dois candidatos. Frei Casimiro, vítima da doença da malária, morreu, em odor de santidade, a 21 de Outubro de 1755, dizendo aos seus noviços: “Não choreis. A Santíssima Virgem é a vossa fundadora, e eu, quando deixar este corpo e a minha alma for levada para Deus, como, por misericórdia de Deus e pelos méritos do meu Salvador, espero, então vos serei mais útil”. A sua fama de santidade espalhou-se logo por todo o nordeste transmontano. Para continuar a sua obra, vieram para Portugal dois Padres Marianos: O Pe. Aleixo Fischer (checo) e o Pe. Rafael de Buffa (italiano). A Comunidade dos Marianos de Balsamão desenvolveu-se e, em 1780, alguns dos seus membros foram residir para Cedovim, Diocese de Lamego, com o objectivo de fundar aí uma comunidade, mas, por não terem obtido a aprovação do governo, desistiram do projecto em 1789. Em 1781, fundaram uma Casa em Lisboa, junta da Igreja de S. Pedro de Alfama, e, em 1783 abriram uma nova comunidade em Algoso, Diocese de Bragança. Em 1834, com o governo liberal, Joaquim António Aguiar mandou fechar todos os conventos em Portugal, confiscando e vendendo os seus bens. Na altura da extinção, os religiosos da Ordem dos Marianos, nos 3 conventos que tinham (Balsamão, Algoso e Lisboa), era cerca de 28. 2. O regresso dos Marianos A 1 de Maio de 1954, os Marianos (depois de terem sido salvos da extinção total, por causa da perseguição czarista no leste, e renovados, em 1909, pelo Pe. Jorge Matulaitis, depois bispo e hoje beato) regressaram a Portugal (Balsamão), chamados pela memória do Venerável Frei Casimiro, que se mantinha viva entre o povo. Foi o Pe. Mariano Wiśniewski que, em 1949, veio preparar o terreno para o regresso dos Marianos. Ficou a residir no Seminário de S. José, em Bragança, onde leccionou Teologia Moral, Grego e Latim. Juntou-se a ele o Pe. João Szurek, vindo dos Estados Unidos da América, em 1953. A 2 de Fevereiro de 1954, estes dois padres, acompanhados do postulante António dos Reis Fernandes e do candidato António Augusto Fernandes Rodrigues, vieram morar para Chacim, iniciando, daí, as obras de restauro do antigo Convento dos Marianos de Balsamão, para onde se mudaram a 1 de Maio desse mesmo ano. O decreto do Superior Geral para a erecção da Casa de Balsamão é de 4 de Março de 1954. A 11 de Novembro de 1960, dava-se início ao Seminário de Balsamão. No ano lectivo de 1968/69, os alunos do 3.º ao 7.º ano (2.º e 3.º ciclo) foram para Bragança, indo às aulas ao Seminário da Diocese, e, no ano seguinte, para Fátima. Em 1972, foi erecta a Casa religiosa de Fátima, onde passou a funcionar o Seminário. Em Balsamão, continuou o ciclo preparatório do Seminário, que encerrou em 1982. Pelo Seminário de Balsamão passaram cerca de 600 alunos. Actualmente, os Marianos, até ao 9.º ano, seguem uma modalidade de animação vocacional a que chamam “Seminário em Família”. Em 1982, os Marianos abriram, em Lisboa, uma residência para os jovens religiosos frequentarem o curso filosófico-teológico na Universidade Católica Portuguesa, com vista à ordenação sacerdotal. Em 1993, foi criada a Vice-província Portuguesa de Santa Maria. Actualmente, com várias saídas (5 membros de votos temporários, 1 de votos perpétuos e 1 padre) e o falecimento de 2 padres portugueses, os Marianos contam com 11 membros em Portugal (4 em Balsamão, 3 em Fátima e 4 em Lisboa). 3. Carisma O núcleo do carisma dos Marianos da Imaculada Conceição, como o nome indica, é o mistério da Imaculada Conceição. É à luz deste mistério, entendido como dom absolutamente gratuito da salvação de Maria, que vivem a sua vocação religiosa e missão evangelizadora. É na experiência gozosa do dom da salvação, a exemplo de Maria, que mais se sentem impelidos a entregar-se generosamente à causa da salvação dos irmãos. É também à luz do mistério da imaculada Conceição, como libertação radical do pecado e plenitude de salvação, que vão em auxílio dos nossos irmãos defuntos, para que, livres das penas devidas aos seus pecados, possam gozar da plenitude da felicidade em Cristo. Os Marianos não têm uma actividade especificamente carismática, mas, abertos às necessidades da Igreja e do homem de hoje, servem a mesma Igreja e o mesmo homem em qualquer actividade que o espírito lhes inspirar. Habitualmente a sua acção desenvolve-se no campo da educação e evangelização dos jovens e no exercício do ministério pastoral. Actualmente, em Portugal, estão empenhados nos seguintes campos de apostolado: - Apostolado da Misericórdia de Deus, - Pastoral Juvenil e vocacional, - Pastoral Paroquial, - Pastoral do acolhimento, - Diálogo entre a cultura e a fé. 4. Um convite a dar graças a Deus Ao celebrarem 250 anos da sua primeira vinda para Portugal e 50 anos de permanência depois do seu regresso, convidam a todos, em primeiro lugar, a unir-se a eles para dar graças a Deus, origem de “toda a boa dádiva e de todo o dom perfeito” (Tg 1, 17), pelo dom precioso da sua vocação e por tudo aquilo que Ele tem feito nesta Congregação e, através dela, na Igreja e sociedade portuguesas. Em segundo lugar, convidam a todos a pedir ao Senhor para que, por ocasião desta dupla celebração jubilar, a Congregação dos Marianos se renove pela acção do seu Espírito e aumente em número, a fim de continuar a servir generosamente a Cristo e à Igreja em Portugal. Pe. Basileu Pires, MIC MARIANOS DA IMACULADA CONCEIÇÃO CELEBRAÇÃO JUBILAR 1 DE MAIO DE 2004 – EM BALSAMÃO PROGRAMA Às 11: 00h – EUCARISTIA, presidida pelo Bispo da Diocese, D. António Montes Moreira, OFM (em frente à Igreja); Às 12: 30h – Almoço; Às 14. 30h – SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA (no salão grande); - Palavra de abertura do Superior da Vice-província, Pe. Jorge Predko, MIC; - Momento musical; - Evocação da primeira vinda dos Marianos: Como é que vieram os Marianos para Portugal? Como se desenvolveram e como e quando foram extintos? (Dr. Andrade Lemos); - Dramatização de um momento da vida de Frei Casimiro: a tomada de hábito dos primeiros cinco noviços de Balsamão; - Evocação do regresso dos Marianos a Balsamão, iniciada com uma entrevista ao Ir. António: 50 anos dos MIC em Portugal. (Ir. João Rodrigues; - Testemunhos de uma Cooperador Mariana e de uma Jovem MIC; - Momento musical; - Palavra do Superior Geral. Às 16: 30h – BÊNÇÃO DA ESTÁTUA DE FREI CASIMIRO - Bênção do Monumento (Superior Geral); - Palavra do Superior do Convento de Balsamão: O significado do Monumento e agradecimento a todos os que contribuíram para a sua construção; - Palavra do Postulador Geral para a Causa de Beatificação de Frei Casimiro (Pe. Skora, MIC); - Oração pela Beatificação de Frei Casimiro; - Actuação do Grupo Cultural e Recreativo de Macedo de Cavaleiros.


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