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Matrizes da Arquitectura Cristã em debate na UCP

Agência Ecclesia
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«Matrizes da Arquitectura Cristã» é o tema do colóquio que decorre na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, entre 27 e 28 Novembro 2008. A iniciativa é promovida pela Escola das Artes da UCP. D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa e membro da Comissão Científica do evento, explica ao Programa ECCLESIA que a iniciativa reúne um conjunto de investigadores de todo o país, que vêem dar conta das suas investigações para “conhecer melhor quais foram os cânones estéticos que presidiram à construção religiosa, seja de igrejas ou de conventos ou mosteiros”. Este especialista explica que “a matriz do que era a construção de uma igreja foi sofrendo alterações, ao longo dos tempos, fruto não só da inculturação do espaço, em diferentes países, mas também de técnicas diferentes de construção e do gosto de cada época”. Este é um assunto que tem merecido, nos últimos anos, particular atenção por parte da comunidade científica, pelo que o colóquio visa o confronto de ideias, em torno de algumas das suas principais tendências historiográficas. D. Carlos Azevedo deixa claro que “a Igreja não tem um estilo, todos os estilos podem ser acolhidos desde que estejam ao serviço da vida das pessoas, da vida da comunidade”. É para conhecer esta evolução das matrizes com base numa espiritualidade que a Escola das Artes da UCP promove esta iniciativa. Focando-se em quatro orientações distintas, as diversas abordagens contempladas incidem, particularmente, na análise à funcionalidade arquitectónica das ordens religiosas, no modo como essa especificidade se transporta para outras culturas, nas características implícitas ao traçado dos templos, e ainda na transposição de semelhantes arquétipos para estruturas internas e complementares aos mesmos. O Bispo Auxiliar de Lisboa refere que uma das matrizes é “exactamente o tipo de vida que as pessoas levam”, a espiritualidade, a teologia, da mesma forma que as pessoas “valorizam numa casa aquilo de que gostam”. D. Carlos Azevedo lembra também o impacto das mudanças litúrgicas, observando que há casos em que “essas transformações foram destruidoras do espaço anterior” e outros em que “respeitaram esse espaço”. “A arquitectura tem sempre a ver com a arquitectura ambiente, porque esse é um sinal de boa arquitectura que se enquadra no próprio espaço, nos materiais de construção”, acrescenta, frisando que o processo de inculturação não diz respeito só à linguagem, mas também à “estética”. Sandra Costa Saldanha, coordenadora executiva do colóquio, afirma que a temática abordada está “muito em voga”. Em Portugal tem havido “estudos pontuais sobre uma ou outra Ordem religiosa”, mas de “modo muito desgarrado”. “Existem muitas formas de fazer edifícios, de acordo com as tipologias, as ordens, mas sobretudo há uma coisa muito importante: hoje continuamos a usufruir desses edifícios sem termos uma percepção real daquilo que esteve na origem da sua edificação”, aponta. FOTO: Igreja do Convento de São Domingos (Lisboa)


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