Migrações: Centro Pedro Arrupe celebra 10.º aniversário com abertura à comunidade
Espaço de acolhimento de migrantes e refugiados já ajudou mais de 400 pessoas
Lisboa, 24 jun 2016 (Ecclesia) - O Centro Pedro Arrupe (CPA) em Lisboa, ligado aos Jesuítas, celebra hoje o seu 10.º aniversário com planos de maior abertura à comunidade e de reforço do apoio aos migrantes e refugiados que procuram o espaço.
“Este centro tem acolhido diferentes tipos de situações. Já tivemos fases em que havia o chamado ‘boom’ da Europa de Leste, para trabalhar em Portugal; neste momento, assiste-se a outra fase, de situações de refugiados”, precisa Rita Sommer, coordenadora do CPA, em declarações à Agência ECCLESIA.
Este é um centro de acolhimento temporário para migrantes sem-abrigo, criado em 2006, pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal) em parceria com o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto da Segurança Social, a Organização Internacional para as Migrações, a Província Portuguesa das Filhas da Caridade de S. Vicente Paulo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Em 10 anos de vida, ajudou cerca de 400 pessoas “em situação de grande vulnerabilidade”, incluindo alguns refugiados, como refere Rita Sommer.
“As pessoas vêm de diferentes cantos do mundo com situações e projetos de vida muito diferentes”, observa a responsável.
Os residentes fazem voluntariado fora do centro, ganhando “competências profissionais e sociais”.
Algumas das pessoas que procuram o centro têm como objetivo a integração na sociedade portuguesa, outras encontram-se a receber tratamentos devido a problemas de saúde e outras aguardam o retorno voluntário aos seus países de origem.
Com capacidade para acolher 25 adultos, 18 homens e 7 mulheres, têm passado pelo Centro “essencialmente” migrantes provenientes do Brasil, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe ou Ucrânia.
Segundo Rita Sommer, 17% dos residentes conseguiram regressar ao país e mais de 40% integraram-se com sucesso no mercado de trabalho.
Apesar de o CPA não ser exclusivamente para refugiados, a atual crise migratória na Europa tem tido impacto no seu trabalho.
Algumas pessoas chegam sem o estatuto de refugiado, mas as suas situações são as de “pessoas obrigadas a deixar o país de origem”, assinala Rita Sommer.
A coordenadora lamenta a falta de celeridade na “integração” dos refugiados na sociedade, por excesso de burocracia nas políticas comunitárias.
O CPA encontra-se aberto todo o dia, procurando oferecer um acompanhamento individualizado a cada residente com uma equipa técnica multidisciplinar.
A metodologia desenvolvida assenta na participação dos residentes, dos quais é esperado que definam os seus objetivos e os concretizem.
Rita Sommer trabalha há oito anos neste espaço e considera que “o centro tem um potencial enorme por causa da diversidade cultural” que ali existe.
A equipa técnica é desafiada a um “trabalho de criatividade”, num centro que procura promover ações de “maior dimensão”, abrindo-se à comunidade envolvente, na Ameixoeira (Alta de Lisboa), este ano com maior atenção aos temas da ecologia, a partir da encíclica ‘Laudato si’, do Papa Francisco.
“Pretendemos lançar aqui, através da celebração do aniversário, uma primeira pedra para dar continuidade a uma série de trabalhos que começaram a ser desenvolvidos, nomeadamente atividades culturais”, observa a coordenadora.
O 10.º aniversário do Centro Pedro Arrupe vai ser celebrado esta manhã numa festa com testemunhos de residentes e ex-residentes, na qual vão ser apresentados os resultados de 10 anos de atividades, concluindo-se com um almoço comunitário.
JCP/OC
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