Migrações: Centro Pedro Arrupe celebrou 10 anos de apoio a pessoas migrantes e refugiadas
Atuais e antigos dirigentes ajudaram a cortar o bolo
Lisboa, 24 jun 2016 (Ecclesia) - O centro de acolhimento para migrantes e refugiados Pedro Arrupe (CPA) em Lisboa, ligado aos Jesuítas, celebrou hoje o seu 10.º aniversário como exemplo de um projeto de “comunhão e de paz”, na “interculturalidade”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal destacou um projeto que nasceu para ajudar pessoas migrantes e refugiadas “em situação de emergência”, e que hoje se pode classificar como “uma obra de misericórdia em realização constante, todos os dias”.
“Celebrar estes 10 anos é celebrar um tempo em que podemos ver a alegria da ação da caridade, do amor ao outro, ao próximo, concretamente ao estrangeiro, aquele que vem de longe, que muitas vezes fica na rua”, realçou André Costa Jorge.
Situado num bairro social da Ameixoeira, o CPA é uma estrutura de acolhimento temporário para migrantes e refugiados sem-abrigo, aberta 24 horas, que a partir do contexto de cada um procura dar soluções para os problemas, mesmo ao nível de apoio jurídico e legal.
Com a ajuda de muitos voluntários, promove também várias atividades sociais e culturais que têm em vista facilitar a integração destas pessoas
Foi constituído pelo JRS-Portugal em parceria com o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto da Segurança Social, e a Organização Internacional para as Migrações.
Também a Província Portuguesa das Filhas da Caridade de S. Vicente Paulo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
“É um espaço simples mas que faz o essencial, que é acolher e dar uma nova oportunidade àqueles que chegam”, salienta André Costa Jorge.
Desde 2006, já passaram pelo CPA mais de 400 pessoas, migrantes e refugiadas provenientes dos mais variados países.
A festa desta sexta-feira foi também uma oportunidade para reunir alguns daqueles que, ajudados pelo Centro, conseguiram dar novo rumo às suas vidas.
É o caso de Ernesto Gomes, de 30 anos, que chegou a Portugal em 2013 vindo da Guiné Bissau.
“O meu objetivo ao vir era de continuar os estudos. As coisas não correram bem, não consegui entrar para a faculdade, e o Centro ajudou-me muito, em termos de legalização, para conseguir emprego”, explicou o jovem.
Hoje, o Ernesto vive num quarto alugado, trabalha num restaurante e tem como objetivos tirar um curso e voltar à Guiné Bissau para visitar a filha e restante família que lá deixou.
Durante as celebrações, houve espaço para cantar um almoço partilhado, para cantar os parabéns ao CPA e para assistir a um espetáculo de dança tradicional africana, protagonizado pelo grupo Batoto Yeto.
O Provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, padre José Frazão, que foi quem abriu os festejos, definiu o projeto do centro como “um modo de realizar a caridade cristã, não apenas do ponto de vista formal, gerindo números, procedimentos, mas com proximidade humana”.
“É fácil que a questão da pobreza ou da exclusão se torne em números, que sejam questões tratadas em gabinete. Agora os procedimentos envolvidos podem levar-nos muitas vezes a esquecer que estamos a tratar de pessoas”, apontou o responsável jesuíta.
JCP
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