No dia 13 de Janeiro de 2006 o jornal oficial do Santuário de Fátima e do Movimento da Mensagem de Fátima "Voz da Fátima" publica a edição n.º 1000. A partir desta edição, o jornal passa a ser todo impresso em quadricomia e muda o seu aspecto gráfico. Apesar da alteração visual, não mudam as intenções e os objectivos que levam mensalmente, já há 83 anos, à publicação da Voz da Fátima. O novo cabeçalho sublinha a cor verde, símbolo da esperança, que se quer renovada, em favor da resposta que deve ser dada ao pedido de Nossa Senhora em Fátima, o da conversão pela paz no mundo.
Como é referido n.º número 1000, por um dos testemunhos a publicar nesta edição especial, já em fase de impressão, “(A Voz da Fátima) Não é o caminho único para chegar a Fátima. Mas é um dos caminhos que, dentro dos tempos que nunca deixam de mudar, tentará adivinhar os grandes anseios do mais humilde peregrino” (Pe. António Rego).
Nascimento
No dia 13 de Outubro de 1922, cinco anos apenas depois da última aparição de Nossa Senhora, na Cova da Iria, eram distribuídos pelos cerca de 40.000 peregrinos, presentes nesse local, muitos dos seis mil exemplares do primeiro número da “Voz da Fátima”. Mas o início da história, ou, se queremos ser mais exactos, da “pré-história” desta publicação, foi cinco meses antes.
A 4 de Maio desse ano, os membros da Comissão Canónica nomeada, na véspera, pelo Sr. Bispo de Leiria, para a investigação dos acontecimentos de Fátima, reuniram-se, pela primeira vez, no Paço Episcopal de Leiria. Entre outras decisões, “acordou-se na publicação de um boletim mensal a que se daria o nome de Voz da Fátima e que seria destinado a registar todas as notícias e informações relativas aos acontecimentos da Fátima”.
“A Voz de Fátima”
Um mês depois dessa reunião, o Dr. Alberto Diniz da Fonseca, notário, jornalista e militante católico em Portugal, nascido e falecido na Guarda (1884-1962) e um dos maiores promotores do movimento de Fátima, encontrou-se com o Sr. Bispo de Leiria, na visita pastoral que este fez à paróquia de Minde, no dia 4 de Junho de 1922, e aí conversou sobre “a projectada publicação, relativa aos acontecimentos de Fátima”.
Comunicado este assunto, pelo próprio Dr. Alberto, ao Dr. Formigão, que foi indicado como devendo ser o director da publicação, este respondeu-lhe de imediato, explicando o que tinha ficado decidido em Leiria: que esse jornal só sairia no mês de Outubro, naquela cidade, e apenas com a sua colaboração e não direcção, “por estar fora da diocese e muito longe do bispado”. Julgava o Dr. Formigão ter ficado tudo esclarecido, atribuindo a precipitada antecipação do Dr. Alberto ao facto de ele ter compreendido mal o Sr. Bispo e de desconhecer os antecedentes.
Quando o Dr. Formigão chegou a Torres Novas, no dia 12 de Junho à tarde, recebeu recado para ir à Tipografia da Casa S. Miguel, para autorizar que o seu nome fosse inserido como director, num jornalzinho, intitulado “A Voz de Fátima”, cujo primeiro número já estava composto e deveria sair com a data do dia seguinte.
Era uma folha de 4 páginas, de pequeno formato (22x16,5cm), de muito fraco papel, com o subtítulo de “Archivo mensal de piedade”; Ano I, Número 1, Leiria, 13 de Junho de 1922; propriedade da Empreza da Voz de Fátima; director: Dr. Manuel Nunes Formigão; composição e impressão: Casa S. Miguel – Torres Novas; número avulso 5 centavos. Na primeira página, uma gravura com a legenda: “Imagem de Nossa Senhora do Rosário da Fátima - Alusiva aos acontecimentos que ali se deram desde 13 de Maio de 1917 a 13 d’Outubro do mesmo ano”.
Na segunda página, 1ª coluna, um pequeno artigo de fundo, de 23 linhas, intitulado Ao principiar: “Sai hoje o primeiro número deste modesto mensário, destinado a recolher e a arquivar algumas informações sobre factos que dizem respeito à vida piedosa do país. Os chamados acontecimentos de Fátima tiveram o condão de prender e emocionar o país inteiro. Até que ponto esses factos serão dignos de consideração? Terão eles tido realmente um caracter sobrenatural? Eis o que incumbe averiguar a comissão especialmente nomeada para esse fim pelo digno Prelado desta Diocese. Entretanto e seja qual for o resultado do inquérito a que a mesma comissão vai proceder, iremos aqui arquivando quaisquer notícias ou comunicados que possam interessar não somente à vida da nossa Diocese, mas até ao país em geral. Assim Deus nos ajude”. Ainda na segunda página, 1ª coluna, um artigo, de 17 linhas, sobre Santo António de Lisboa; 2ª coluna, Uma carta do Sr. Bispo de Leiria ao pároco de Fátima, datada de 18 de Novembro de 1921, a proibir o lançamento de foguetes e a venda de vinho ou bebidas alcoólicas na Cova da Iria e a encarregar o mesmo pároco “de zelar pelo cumprimento exacto destas determinações e, no caso de não ser obedecido, o que não espero, não pode ser celebrada a Santa Missa naquele lugar sob pena de suspensão ao presbítero que ousar fazê-la”.
Na terceira página, 1ª coluna, uma crónica breve: A romaria de Maio, sobre o dia 13 de Maio de 1922, no “local onde se diz que Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos de Fátima” (“trinta a quarenta mil pessoas, segundo os melhores cálculos”); 1ª e 2ª colunas: Porque é que devemos comungar? (S. Francisco de Sales); 2ª coluna e continuação para a 4ª página, 1ª coluna: Actos para antes da comunhão.
Na quarta página, 1ª coluna: continuação do artigo anterior; 1ª e 2ª colunas: Actos para depois da Sagrada Comunhão; finalmente, uma Advertência: “Está já instalada a comissão canónica, nomeada pelo Excelentíssimo Prelado desta diocese, para averiguar dos chamados acontecimentos da Fátima. Quaisquer informações sobre testemunhos, curas e alvitres que possam guiar e orientar os trabalhos dessa comissão, devem ser remetidas ou directamente ao Senhor Bispo de Leiria ou a qualquer dos membros dessa comissão, e em especial ao Dr. Manuel Nunes Formigão – Travessa da Lameira 13, Santarém, que provisoria e obsequiosamente figura também como director da Voz de Fátima, até que outra cousa seja definitivamente resolvida. O produto líquido da venda deste jornal, será entregue ao Senhor Bispo de Leiria”. A encerrar, dois breves pensamentos de S. Francisco de Sales e de S. Bruno.
O Dr. Formigão recusou-se a dar a solicitada autorização, por várias razões, das quais uma era a mesquinhez da folha e outra o facto de ele ser professor do liceu e não querer, por isso, ser acusado de “fautor de obras e movimentos, perturbador da paz e ordem social”. Acrescia ainda que não havia licença do Senhor Cardeal Patriarca, de quem ele era súbdito. Perante esta reacção, o Dr. Alberto perdeu a paciência e afirmou que, “daí para o futuro, se desinteressava de tudo o que dissesse respeito a Fátima”.
Temendo prejudicar com isso a obra de Fátima, o Dr. Formigão acabou por consentir, desde que o Dr. Alberto assumisse a responsabilidade do que poderia acontecer. Resolveu-se mandar imprimir os 2.000 exemplares previstos, os quais seriam vendidos, no dia seguinte, na Cova da Iria. Porém, tudo falhou, porque os exemplares não foram levados nem distribuídos no dia 13, nem depois. Afinal, dias depois, o Sr. Patriarca de Lisboa dava autorização. Restava ouvir o Sr. Bispo de Leiria, que só foi prevenido pelo Dr. Formigão, em carta do dia 8 de Julho, mas já não houve tempo para se imprimir o segundo número, nem de se distribuírem os exemplares do primeiro; ou, mais provavelmente, o Sr. Bispo de Leiria manteve a decisão de esperar por Outubro, para a saída da projectada “Voz da Fátima”.
Resultado: os 2.000 exemplares, já impressos, foram mandados destruir, salvando-se raros exemplares. Há notícia de ter sido entregue, pelo Dr. Formigão, um ao Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, outro ao Sr. Bispo de Leiria, e outro terá ficado na posse do próprio Dr. Formigão. O Santuário de Fátima possui dois exemplares, e consta-nos que há um na Biblioteca Municipal da Guarda e outro na Biblioteca Nacional de Lisboa.
“Voz da Fátima”
Gorada a primeira tentativa de publicação, foi-se preparando a definitiva, que surgiu três meses depois, no dia 13 de Outubro de 1922, com o título de “Voz da Fátima”.
No cabeçalho, à esquerda, uma gravura com a imagem de Nossa Senhora de Fátima; do lado esquerdo do título, o desenho da bandeira do Santo Condestável e, do lado direito, a silhueta do mosteiro da Batalha. Director, proprietário e editor: Doutor Manuel Marques dos Santos; administrador: Padre Manuel Pereira da Silva; redacção e administração: Rua D. Nuno Álvares Pereira; composição e impressão: Imprensa Comercial, à Sé, Leiria.
O Dr. Formigão, que assina com o pseudónimo de Visconde de Montelo, que o tornou conhecido, apresentava o jornal, com o artigo A que vimos, que ocupa duas colunas da primeira página e três da segunda. Relata os acontecimentos de cinco anos antes e a decisão do Sr. Bispo de Leiria, “autorizando o culto público de Nossa Senhora na Cova da Iria, mas reservando-se o juízo definitivo sobre o carácter das aparições e a origem e natureza dos fenómenos astronómicos e meteorológicos, ali sucedidos, desde treze de Maio até treze de Outubro de 1917, assim como das curas extraordinárias atribuídas a Nossa Senhora do Rosário da Fátima”, e nomeando uma comissão para “proceder a um longo e rigoroso inquérito e de elaborar um relatório fundamentado, depois de ouvir o depoimento de testemunhas fidedignas e a opinião de peritos idóneos e notáveis pelo seu critério, inteligência e saber”. Conclui o seu artigo, dizendo que “o único desejo, o anelo ardente, a suprema aspiração de todos os redactores desta revista é descobrir a verdade, onde quer que se encontre e seja ela qual for”.
É importante a nota inserida no fim do artigo: “Cumpre-me advertir os meus benévolos e prezados leitores, e faço-o hoje de uma vez por todas, de que submeto inteiramente ao juízo da Santa Igreja, como é indeclinável dever de um católico, todos os artigos que publicar nesta revista, e de um modo especial tudo quanto se referir às aparições e curas da Fátima, cujo carácter sobrenatural, se porventura o têm, só ao magistério eclesiástico assiste autoridade e competência para apreciar e reconhecer”.
A única gravura inserida no primeiro número é a do Beato Nuno de Santa Maria (B. Nuno Álvares Pereira), com uma grande legenda em que se chama a atenção para o facto de ele ter sido conde de Ourém e de os fenómenos de 1917 na Cova da Iria, que tiveram lugar onde, “segundo a tradição, esteve a orar, nas vésperas da batalha de Aljubarrota”, se terem verificado “na ocasião em que Roma tratava de elevar o Santo Condestável às honras dos altares”.
Na página 3, publica-se a primeira parte da provisão episcopal, em que o Senhor Bispo de Leiria nomeia a Comissão Canónica para averiguar dos acontecimentos de Fátima em 1917, datada de 3 de Maio de 1922. Na terceira coluna, há uma notícia sobre Lourdes: presença de 6.983 médicos desde 1890 a 1914, “tendo-se verificado nesse tempo 4.445 milagres”. Referem-se alguns casos e termina-se: “E... assim vai Nossa Senhora continuando a espalhar as suas graças e misericórdias!”.
Ainda nesta página, um “Pedido”: “O Exmo proprietário dos terrenos da Cova da Iria, desejando mandar arborizar os mesmos terrenos e julgando que as árvores melhores e mais úteis para ali serão as oliveiras, aceita reconhecidamente qualquer oferta daquelas árvores para plantação”.
Na página 4, um artigo de meia coluna, sobre O Rosário; um apelo a todas as pessoas que informem a comissão nomeada “de tudo quanto souberem, quer a favor, quer contra eles, dirigindo-se em carta ou pessoalmente, ao Revº Promotor da Fé, Dr. Manuel Marques dos Santos, Seminário de Leiria”. Algumas linhas sobre o Movimento religioso da Cova da Iria (Fátima), no dia 13 de Setembro de 1922, com missa campal e sermão pregado pelo rev. Carlos A. Pereira Gens, pároco de Ourém e trinta comunhões.
É muito interessante que este primeiro número da “Voz da Fátima” publica um artigo sobre Frei Pio, capuchinho de um convento da aldeia de S. João, da cidade de Foligno, antigo reino de Nápoles, na Itália. Este artigo é copiado do semanário “Correio de Coimbra”, que o transcreve do “Diário do Minho”, de 25 de Julho de 1922. É conhecida a íntima relação do agora canonizado Padre Pio de Pietrelcina com Nossa Senhora de Fátima, a quem se atribui a cura, quando a sua Imagem Peregrina passou por San Giovanni Rotondo, em 1959.
A finalizar esta página 4, a subscrição aberta para custear as despesas do papel e impressão e para permitir a distribuição gratuita no dia 13 de cada mês. Ficavam com direito a receber a “Voz da Fátima” pelo correio os que enviassem “dez mil réis (dez escudos)”. Neste primeiro número, há um anónimo (seria o Sr. Bispo de Leiria?) que oferece 500$000 réis; e cinco sacerdotes da cidade de Leiria que oferecem 10$000, cada um: Dr. M. Marques dos Santos, M. Pereira da Silva, Augusto Maia, Manuel do Carmo Góes e Joaquim José Carvalho.
Algumas CuriosidadesA data de publicação
A data de publicação foi, desde o início, e continua a ser o dia 13 de cada mês. Cremos que a única excepção a esta regra foi no ano de 1985, em que o número de Setembro saiu com a data de 8 desse mês, uma vez que, por tradição, ocorria nesse dia o bimilenário do nascimento de Nossa Senhora.
Propriedade e edição
A “Voz da Fátima” foi propriedade do Doutor Manuel Marques dos Santos, que também foi seu director e editor, até 13 de Dezembro de 1929, em que deixou de ser editor (nessa data, a empresa editora passou a ser a União Gráfica), voltando a sê-lo a 13 de Junho de 1937, mantendo-se a referência da União Gráfica como empresa editora até 13 de Março de 1940.
Desde 13 de Julho de 1954, o jornal passou a ser propriedade e edição da Gráfica de Leiria.
Em 13 de Março de 1974, a “Voz da Fátima” noticiava que deixava de ser propriedade da “Gráfica de Leiria” e passava para propriedade do Santuário de Fátima, onde ficariam a funcionar, daí por diante, os serviços de redacção e administração. No entanto, a referência da propriedade na Gráfica ainda se manteve até 13 de Dezembro de 1975. Desde então, a propriedade não mais deixou de ser do Santuário de Fátima.
A “Voz da Fátima”, dirigida por Mons. Luciano Guerra, é preparada por um grupo de redacção, constituído por ele, pelo Pe. Luciano Cristino, director do Serviço de Estudos e Difusão (SESDI), Pe. Manuel de Sousa Antunes, assistente nacional do Movimento da Mensagem de Fátima, que assegura a redacção da página 4 de cada número, Pe. José Lopes Baptista, director do SEPE e SEAL, António José Valinho, secretário da Reitoria, Loepoldina Reis, responsável do Centro de Comunicação Social e Luís de Oliveira, responsável dos arquivos fotográfico e audiovisual. O responsável da administração é Maria Isabel Faria.
O suplemento infantil “Fátima dos Pequeninos”, iniciado a 13 de Janeiro de 1979, depois do ano internacional da criança, foi da responsabilidade da Irmã Gina Magagnotti, das Filhas de Maria Auxiliadora (Salesianas) e, depois do seu falecimento, em 18 de Abril de 1989, da Irmã Maria Isolinda, das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, desde 13 de Novembro de 1989 até hoje.
Composição e impressão
A “Voz da Fátima” começou a ser impressa na Imprensa Comercial, do Sr. Carlos Silva, junto da Sé de Leiria.
A partir do número 52, de 13 de Janeiro de 1927, passou a ser composta e impressa na União Gráfica, Rua de Santa Marta, 150-152, de Lisboa, e na Travessa do Despacho, 16, voltando de novo à Rua de Santa Marta, 158.
A “Voz da Fátima” passou a ser composta e impressa, a partir do ano 23, nº 382, de 13 de Julho de 1954, nas oficinas da “Gráfica de Leiria”. A partir do nº 1.000 será na Empresa Diário do Minho, Braga.
Formatos e cores
A “Voz da Fátima” começou a ser publicada no formato de 26 por 35,5cm, mantendo esse formato até ao nº de 13 de Dezembro de 1926. Desde Janeiro de 1927, teve o formato de 27 por 40cm. De 13 de Maio de 1931, teve o formato de 35 a 44cm.
No número 148, de 13 de Janeiro de 1935, aparece com novo aspecto e grande formato, o maior que teve até ao presente: 40,5 por 61cm. Declarava-se, nesse número: “Nasceu pobrezinha, pobre tem vivido e apesar de tudo, é a publicação de maior tiragem em Portugal”.
No número 179, de 13 de Agosto de 1937 voltava a um formato mais reduzido (30,5 por 40,5cm), justificando-se a nova mudança pela carestia do papel e consequente aumento do seu preço. Perante as duas alternativas, “aumentar o preço do jornalzinho” ou “reduzir o seu formato”, optou-se pela segunda.
Quando a “Voz da Fátima” começou a ser impressa e expedida na “Gráfica de Leiria”, voltou a reduzir-se o formato (25 por 37cm) e começou a ser impressa a duas cores, preto e outra, processo que se utilizou até ao número de hoje, em que se publicam ilustrações em policromia.
O formato mudou novamente, em 13 de Junho de 1977: 30,5 por 43,5cm, que ainda hoje se mantém.
Tiragens
Se quiséssemos apresentar brevemente a dimensão deste jornalzinho, no contexto da imprensa portuguesa, ao longo destes 80 anos, que hoje se completam, em termos de tiragens, poderíamos fazer uma estatística, expressa no gráfico que juntamos nesta página. Numa análise feita aos 960 números publicados, encontraram-se as tiragens médias mensais, por decénios, e o total dessas tiragens deu-nos um resultado de 164.325.144 (cento e sessenta e quatro milhões trezentos e vinte e cinco mil cento e quarenta e quatro) exemplares impressos! Não se pense que este cálculo é exagerado. Se é certo que o primeiro número teve uma tiragem de 6.000 exemplares, o que já foi muito para a época, e o nº 2, de 2.000, nos anos seguintes foi subindo continuamente: no princípio do segundo ano, 15.000; no princípio do 3º ano (Outubro de 1924): 32.000; 4º ano (1925): 50.000; 5º ano (1926): 40.000; 6º ano (1927): 70.000. Ao fim de 6 anos, tinham-se publicado: 2 milhões de exemplares. No início do 11º primeiro ano (13 de Outubro de 1932), a tiragem foi de 85 mil.
Em Agosto de 1934, ultrapassou a centena de milhar de exemplares e em Dezembro do mesmo ano, 214.000; a 13 de Julho de 1935, 304.474; a 13 de Maio de 1938, atingiu o máximo da tiragem: 392.700 exemplares! Manteve-se muito acima dos 300.000 exemplares até Fevereiro de 1945. Vai havendo, depois um decréscimo até descer para 204.317, mas só em Janeiro de 1967. Actualmente a tiragem média mensal é de 118.000.
Se pensarmos que cada um dos 164.325.144 exemplares nunca teve menos de 4 páginas cada um (há alguns anos que os números de Junho e de Novembro têm 8 páginas), teremos, ao todo, a espantosa cifra de 657 milhões e 300 mil páginas! [...]
Não desconhecemos que muitos milhares (milhões?) de exemplares não chegaram aos leitores, pelas mais diversas razões. Mas temos de reconhecer que poucas publicações periódicas portuguesas atingiram esta dimensão, exceptuando os diários de difusão nacional.
Pensamos que o jornal “Voz da Fátima” serviu de livro de aprendizagem de ler e de leitura popular e foi veículo de cultura e de formação humana e cristã e de divulgação da mensagem de Nossa Senhora na Cova da Iria.
Em Julho de 1954, o jornal informava: “Estando já no número de perto de 250 mil exemplares a tiragem da “Voz da Fátima” e devido ao aumento de devotos de Nossa Senhora de Fátima em Espanha, França e Inglaterra e noutros países, foi necessário fazer edições nessas línguas, com a tiragem já de 20 mil para a Espanha, 3 mil para França e 11 mil para a Inglaterra e Estados Unidos, o que aumenta muito o trabalho de todas estas edições, notando-se que o jornal da Itália, “Luce di Fatima” tem uma tiragem de 100 mil, o da Alemanha, “Bote von Fatima” passa de 20 mil, havendo ainda o da Suiça, “Fatima-Bote”, e o da Austrália, “The Australian Voice of Fatima”, cuja tiragem ignoramos. Bem se vê que Nossa Senhora tinha razão para mandar na Fátima as crianças que aprendessem a ler.
Pe. Luciano Cristino, director do Serviço de Estudos e Difusão (SESDI) do Santuário de Fátima