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Morte: fim ou princípio?

Luís Filipe Santos
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Morte: fim ou princípio? A vida e a morte, esses dois extremos que se tocam e que, de alguma forma balizam o existir humano, constituíram desde sempre dois enigmas de difícil resolução. Enigmas que foram objecto de reflexão, de 24 a 27 de Março, na XII Semana de Estudos Teológicos da Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo, e que, segundo o director da referida escola, Pe. Alfredo Domingues de Sousa, “é um tema arrojado e audacioso porque actualmente prefere-se falar mais sobre a vida do que sobre a morte”. Uma actividade subordinada ao tema «Morte: fim ou princípio? derrota ou vitória?» porque a cultura envolvente e “as próprias circunstâncias do tempo levam-nos a pensar sobre esta realidade”. O próprio João Paulo II “não se cansa de afirmar que a nossa cultura é uma cultura de morte” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Alfredo de Sousa. Numa perspectiva de consciencialização e de “abertura ao futuro pensámos neste tema, não de uma forma alarmante, mas de olhar a realidade que nos rodeia”. Um tema que se conjugou “com os tempos de guerra vividos actualmente” – referiu. “A morte, enigma e experiência do nada”; “Formas de atentado à vida na cultura contemporânea – o direito de morrer com dignidade” e “A vida não acaba, apenas se transforma” foram alguns tópicos de reflexão dos oradores e que, para o Pe. Alfredo Sousa, esta é um fim e um princípio “em simultâneo” porque “é caducidade e ao mesmo tempo um nascer de novo”. Quando pensamos na morte, “é sempre sobre o abismo do impensável que mergulhamos” – disse o Pe. Alfredo Sousa. A sociedade hodierna, em nome de um certo mediatismo, conseguiu criar a ilusão de “uma redenção e realização intramundana que deixa o homem, contudo, numa insatisfação e vazio ainda maiores”. A morte é incontornável e por muito que a ciência evolua “no prolongamento da vida, não podemos fugir dela”. Apesar de existir o reverso da medalha no aspecto científico que “são as formas de atentado à vida” - alertou Daniel Serrão. E adianta: “a eutanásia não pode ser considerada nunca como uma forma de medicina, mas antes como uma forma de homicídio”. E nesses casos “temos as derrotas da cultura contemporânea” – alertou o director da escola. Aos cristãos pede-se a tarefa de “viver e anunciar a Boa Nova do fim” – pediu D. António Marto.


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