Nacional

Mudança de linguagem no documento dos bispos

Luís Filipe Santos
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Abertura das aulas na Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo

“É inovador. É positivo. É simples na linguagem. É realista. É uma lufada de esperança. É um convite positivo à construção de uma sociedade mais humana, mais justa, mais solidária” por isso, “valerá a leitura e o esforço de torná-lo ensinamento e vida”. A referência e apelo dizem respeito ao último documento da Conferência Episcopal Portuguesa “Responsabilidade solidária pelo Bem Comum”, e foi feita pelo Cón. José Paulo Abreu, durante a cerimónia de “Abertura das aulas” na Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas de Viana do Castelo. Na lição inaugural de mais um ano de actividades de formação e evangelização da cultura, O Cón. Paulo Abreu começou por anotar que, ao contrário do que sucede com tantos documentos do magistério da Igreja, este não tem “sabor apologético”, revelando que já se entendeu que “o fel e o vinagre não destroem apenas o receptores ou visados”, mas causam, igualmente, “verdete nos emissores”. Usando uma linguagem “directa, simples, acessível e até agradável”, o documento “representa uma viragem” porque não se fica por “abordagens aéreas”, mas desceu ao “concreto, à realidade próxima, àquilo que no dia a dia eu, vós, todos nós vivemos e experimentamos” – sublinhou. Desdobrando esse concreto, falou dos tão referenciados “pecados sociais”, começando a abordagem pelo consumismo que “prende as pessoas às coisas, que enche toda a gente de créditos e mais créditos, de prestações e mais prestações”. Falou depois da “irresponsabilidade na estrada, com consequências dramáticas de mortes e feridos que são atentado ao direito à vida, à integridade física e psicológica, ao bem-estar dos cidadãos e à solidariedade”. Neste capítulo, defendeu que há muito a fazer por parte de todos: automobilistas, peões e responsáveis pelas vias. Muito concreto é também, o problema da exagerada comercialização do fenómeno desportivo, disse o palestrante; além de outras questões abordadas pelos Bispos portugueses: “os salários injustos e inadequados», as questões ambientais, além das considerações sobre o sector da saúde”. Para o conferencista, este documento do episcopado apresenta outra virtualidade nova : pega nas questões sociais pelo lado positivo. Na sua óptica, a questão social “não se resolve no meio das cinzas”, mas pelo contrário “comigo, contigo, connosco, com todos os cristãos e homens de boa vontade, num conjugado esforço pelo melhor, e no evitar de erros” — porque, afinal, “todos temos ‘pecados’ a erradicar, egoísmos a esbater, comportamentos a alterar”.


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