O início dos bombardeamentos à cidade de Bagdad, pelas 05h35 locais da madrugada dia 20 de Março, marcaram o fim das esperanças de uma solução pacífica para o conflito iraquiano.
Para D. Januário Torgal, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, a hora não é de baixar os braços, mesmo para todos aqueles que rezaram e vieram para as ruas em manifestações contra a guerra e a favor de soluções pacíficas: “agora não podemos desistir. Este ataque só vem provar que nós não temos o poder do mundo, de decisão política; a guerra é um ataque à vida e, para a defendermos há que respeitar o direito, algo que não foi feito neste caso”, constata em declarações à agência ECCLESIA.
A Igreja Católica deverá, neste caso, exprimir a sua opinião como o tem feito contra a falência da vida, a falta de valores ou a corrupção das estruturas, defende D. Januário, que é também presidente da secção portuguesa da Pax Christi: “o que não podemos é fazer silêncio! Há que ter uma forma de magistério que proponha uma educação, apele à inteligência, de maneira permanente”.
As propostas doutrinais devem ser acompanhadas de atitudes práticas, continua o nosso entrevistado: “em Portugal não temos grandes organismos a defenderem a paz e do ponto de vista público não temos grupos que defendam a paz contra a guerra – só temos um, de forma organizada”, lamenta.
Um outro lamento fica para alguma apatia, no nosso país: “ouvimos muito as vozes internacionais, mas entre nós não houve muitas vozes que abandonassem declarações abstractas e genéricas de princípios; deveria ter havido mais pessoas a dizer, em nome de princípios católicos, que estavam em desacordo com a guerra”.
A palavra final é, ainda assim, de optimismo: “acho que a nossa sociedade não está suficientemente trabalhada nesta área. As organizações laicais da Igreja devem saber iluminar as realidades concretas à luz do ensinamento cristão e nesta questão concreta da paz a situação do Iraque é um alerta – é altura de agir”, conclui D. Januário Torgal.
