“As pessoas mais frágeis, e principalmente as portadoras de um défice físico ou mental, convocam-nos ao infinito respeito. Sem isso, a vida em sociedade torna-se uma selva, onde reina a lei do mais forte, onde o forte despreza, humilha e domina o fraco” – referiu Isabel Varanda, na Semana de Estudos Teológicos de Braga que terminou, ontem dia 29 de Janeiro. A pessoa portadora de deficiência recorda-nos também outras dimensões do ser humano “que temos tanta dificuldade em aceitar”, por exemplo, “a fragilidade, a vulnerabilidade, o limite”, pouco condizentes com uma cultura marcada pelo culto do corpo, sonho da eterna juventude, padronização da beleza, idolatria da boa condição física, excelente desempenho e elevado quociente de inteligência.
A conferencista lembrou que 2003 foi declarado o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência. “Com as sagas policiais, judiciais e políticas, com o futebol, os estádios, as inaugurações, e com as questões internacionais, mormente o terrorismo”, andamos “demasiado distraídos” — comentou. Uma sociedade inclusiva - defendeu Isabel Varanda - tem de assentar “no pilar da hospitalidade”, sem qualquer indício de poder tanto da parte de quem acolhe como de quem é acolhido. Se a pessoa portadora de doença mental ou de défice mental “pode ter diminuída a sua capacidade intelectual, nem sempre perde a sua capacidade de amar e nunca perde a sua capacidade de ser amada” – concluiu.