Dos fogos de verão já quase tudo foi dito e escrito. E faz todo o sentido discutir e aprofundar as questões do ordenamento florestal, da prevenção, dos meios de combate, da preservação do ambiente, da implementação de uma cultura cívica que valorize o respeito pela natureza , etc..
Mas importa agora, sobretudo, atender às pessoas, as socialmente mais fragilizadas, as que tudo perderam. E foram muitas as que ficaram sem a casa que habitavam. Casas feitas e refeitas com suor e trabalho árduo, haveres de subsistência ou sinais da memória afectiva que estreitam os laços entre gerações, tudo o fogo inclemente e voraz reduziu, num ápice, a um monte de cinzas e de destroços.
Para fazer face a essa imensa tragédia, uma vez mais a Cáritas convocou os portugueses, sobretudo as comunidades cristãs, para que testemunhem a sua solidariedade com as famílias que disponham de menos recursos financeiros. Ajudá-las a retomar a vida com esperança e coragem passa, sobretudo, pelo reconstruir das suas habitações. É neste domínio essencial da habitação, que a Cáritas está a concentrar as maiores atenções.
Com esta finalidade, a Cáritas de Leiria tem-se desdobrado em múltiplas reuniões de trabalho com as Câmaras de Leiria, Pombal e Ourém. Efectuou visitas às freguesias de Albergaria dos Doze, Carnide, Colmeias e Souto da Carpalhosa. Contactou com muitas das famílias afectadas, párocos e grupos paroquiais socio-caritativos, dispondo-se a contactar outros nos próximos dias. O objectivo tem sido o de exprimir a profunda comunhão com todos os que sofrem, mas também conhecer as situações, estabelecer prioridades, para articular as respostas com as entidades locais e estruturas do Estado, com o envolvimento e participação das comunidades cristãs de cada zona.
Algumas obras de reconstrução urgente foram já decididas pela Cáritas no Souto da Carpalhosa e Colmeias. Para alguns casos de habitações a construir há já projectos elaborados e aprovados pelas Câmaras, estando a avaliação de outras situações em fase muito adiantada.
Ao todo, prevê-se que a Cáritas de Leiria venha a assumir a construção de, pelo menos, 14 habitações novas, de tipologia dimensionada à composição dos respectivos agregados. Outras intervenções de ajuda na reparação de danos em habitações parcialmente afectadas, estão igualmente previstas ou já em curso.
Com que meios? perguntar-se-á. Com alguma verba de que a Cáritas Portuguesa dispõe, resultante do saldo da campanha de recolha de donativos para as vítimas dos incêndios de 2003. Um saldo que o número e gravidade das situações deste ano, e que não param de aumentar, depressa revelaram insuficiente, pelo que foi desencadeado um novo apelo à generosidade dos portugueses.
A recolha de donativos continua, assim, em marcha. Poderão ser entregues em qualquer paróquia ou Cáritas Diocesana, ou depositados em qualquer balcão da Caixa Geral de Depósitos, na conta “Renascença Caritas – Ajuda Portugal”, com o nº. 0697 60241 0830..
A área da diocese de Leiria-Fátima foi, até agora, a que registou maior número de habitações consumidas pelas chamas. Muitas pessoas, individualmente, têm entendido a extensão desta imensa tragédia humana e entregaram já o seu donativo na Cáritas de Leiria, até agora no valor de 8 350,00 euros. Quinze paróquias e uma comunidade religiosa entregaram também já o fruto da partilha que promoveram, no total de 13 399,57 euros. Sabemos que estão em curso noutras paróquias iniciativas semelhantes. As necessidades são muitas, mas a confiança na confirmada solidariedade de quantos se revêem nas propostas e iniciativas da Cáritas é ainda maior.
No final deste processo, e em nome da transparência e do respeito por quantos se associam neste esforço de ajuda da Cáritas, serão prestadas contas públicas dos fundos recolhidos e das formas da sua aplicação.
Cáritas Diocesana de Leiria
