Elilda dos Santos vai falar aos jornalistas em Lisboa
A missionária brasileira Elilda dos Santos, que tem investigado e denunciado o tráfico de pessoas e órgãos humanos no norte de Moçambique, está em Portugal, antes de regressar ao Brasil para ir testemunhar diante da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre tráfico de órgãos (CPI), da Câmara dos Deputados do Brasil.
A missionária brasileira que denunciou o tráfico de órgãos humanos em Moçambique, particularmente em Nampula, deixou ontem o país, alegando que está a ser alvo de “vários métodos de pressão” por parte das autoridades moçambicanas.
Aproveitando esta presença no nosso país, a Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos (CNIR e FNIRF) promove amanhã uma Conferência de Imprensa na Casa Provincial dos Missionários do Verbo Divino (Rua S. Tomás de Aquino, nº15) pelas 17h00.
Este organismo dos Religiosos e Religiosas em Portugal publicou durante o passada mês de Abril um documento sobre os tráficos de órgãos e crianças em Nampula, Moçambique, onde exige aos governantes do nosso país que “exerçam pressão internacional para que a verdade não seja ocultada e a justiça seja realizada”.
O Pe. Valentim Gonçalves, Presidente da Comissão, explicava à Agência ECCLESIA que o comunicado “é uma manifestação de solidariedade e de apoio aos que, testemunhas directas ou indirectas dos acontecimentos, os denunciam e exigem o seu esclarecimento”.
A Comissão tomou esta posição depois de dois encontros alargados com missionários que trabalharam em Moçambique ou pertencentes a institutos que lá trabalham.
Contrariando as teses oficiais do poder em Moçambique, os religiosos revelam que possuem informações, vindas de missionários e de grupos eclesiais como a Comissão Diocesana de Justiça e Paz, de que em Nampula têm desaparecido crianças, jovens, adolescentes e também alguns adultos. “Foram encontrados vários corpos mutilados e enterrados sem qualquer processo de identificação”, asseguram.