Caso denunciado por religiosa brasileira já chegou à Comissão Europeia, pela mão de deputado português
O caso das redes internacionais de tráfico de órgãos a actuar em Moçambique, denunciada em Dezembro pela missionária brasileira Elilda dos Santos, tem vindo a desencadear uma série de reacções por parte das autoridades políticas e da opinião pública internacional.
Em declarações à RTP, divulgadas ontem nos espaços noticiosos, a missionária Elilda dos Santos afirmou que os familiares das vítimas têm sido ameaçados tanto por quadrilhas que cometeram raptos, como por elementos da própria Polícia de Investigação Criminal.
“O clima que agora se vive em Nampula é de medo", refere a religiosa. Segundo afirma, a polícia local chega a convocar familiares das vítimas à esquadra, onde os ameaça na presença dos próprios responsáveis pelos raptos.
Elilda dos Santos afirma ainda que o problema do tráfico de órgãos já existe em todo o país e que os "cabecilhas" desta rede internacional recrutam moçambicanos pobres para raptar crianças, filhos de vizinhos e até seus próprios familiares.
Três pessoas foram já detidas, anteontem, em Manica, Moçambique, no seguimento das investigações da Procuradoria-Geral da República sobre tráfico de órgãos humanos naquele país, noticiou a RDP África.
Estas detenções foram confirmadas pelo procurador-geral da República, Joaquim Madeira, em entrevista concedida, ontem, à televisão de Moçambique (TVM). Joaquim Madeira reconheceu que o tráfico de órgãos humanos "é uma realidade em Moçambique e apelou à sociedade para "cerrar fileiras" na luta contra este crime que envolve "cidadãos nacionais e estrangeiros".
CASO CHEGA À COMISSÃO EUROPEIA
O deputado do CDS/PP, José Ribeiro e Castro, pediu esclarecimentos quer à Comissão Europeia, quer ao Conselho acerca das denúncias, já veiculadas pela comunicação social.
Para além de procurar apurar quais as informações de que a Comissão e o Conselho dispõe a respeito destes factos preocupantes, Ribeiro e Castro questionou se os órgãos próprios da União Europeia estariam “disponíveis para assistir as autoridades moçambicanas e a sociedade civil na investigação destas denúncias” e no combate internacional ao tráfico de órgãos humanos e aos demais crimes conexos que possam estar a ser cometidos em Moçambique.
O deputado português recordou, especialmente ao Conselho, a proposta de Decisão-Quadro relativa à Prevenção e Repressão do Tráfico de Órgãos e Tecidos Humanos, apresentada em 2003 pela presidência grega e já apreciada e votada favoravelmente pelo Parlamento Europeu em Outubro passado.
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