Novos projectos para a Ordem Hospitaleira AAVV 02 de Agosto de 2004, às 11:00 ... O 25.º CapÃtulo Provincial da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus elegeu, para um segundo mandato, o Ir. José Paulo Simões Pereira, como superior Provincial “Dar continuidade ao projecto iniciado há três anos, como resposta aos desafios e exigências actuaisâ€, é um dos propósitos do Ir. José Paulo Simões Pereira. Em entrevista ao Jornal da Madeira, o Provincial da Ordem de S. João de Deus falou das principais dificuldades da missão hospitaleira em Portugal, como a falta de vocações e de outros meios de acção. Jornal da Madeira — Provincial por mais três anos, um desafio? José Paulo Simões - É um desafio importante, na medida em que me obriga também a ser fiel à missão que me pedem. É um desafio porque significa dar continuidade ao projecto que comecei a liderar há três anos; e é um desafio porque as exigências actuais são muitas, os compromissos são bastantes e a capacidade de resposta terá de ser clara, objectiva e com meios à altura. JM — Os meios humanos são suficientes? JP - Esse é o maior desafio. A Ordem, neste momento em Portugal, tem poucos postulantes e candidatos a este apostolado hospitaleiro; os recursos humanos são poucos, a média de idades é de 69 anos, o que diminui a capacidade de resposta para os desafios que temos. JM — A formação é exigente? JP — Um irmão de S. João de Deus, antes de ser profissional é religioso, tem de estar preparado na dimensão teológica e espiritual. Agora, temos uma missão exigente nas áreas da saúde e da acção social que nos obriga a ter também uma formação profissional e académica . Hoje, temos uma hospitalidade criativa, o que exige formação permanente em correspondência com as necessidades locais. No passado, quase todos os irmãos eram enfermeiros, mas hoje damos liberdade à formação profissional de cada um, dentro da sua vocação natural e, nestas circunstâncias, os irmãos de S. João de Deus podem ser psicólogos, economistas, formados em direito, médicos ou gestores de recursos humanos. Começa a haver uma diversidade, em que todas as áreas são necessárias para dar resposta à nossa missão. JM — Em termos materiais, como trabalha a Ordem Hospitaleira? JP — Os recursos materiais também não abundam. É outro desafio com que nos defrontamos sempre, são as exigências de qualidade, de uma boa gestão; cada vez mais há inspecções, quer por parte dos governantes, das famÃlias e dos próprios utentes na mesma área; tudo isto exige recursos financeiros, exige actualização permanente de estruturas. Neste triénio, o desafio é manter esses parâmetros de qualidade, mas são necessários recursos para sustentá-la. Neste momento, temos uma situação difÃcil que é manter as estruturas enormes que temos. Precisamos aumentar os fundos de financiamento. O Estado é o nosso grande parceiro, é quem paga em grande parte o internamento dos nossos doentes, mas as verbas são baixas para a qualidade exigida. Aquilo que o Estado paga é apenas um terço daquilo que precisarÃamos para uma resposta de largo alcance e qualitativa. Com as Regiões Autónomas, Madeira e Açores, há também um contrato especÃfico, desde 1983, e que está em processo de revisão. Fazem-se contratos-programa, parcerias, só que estes têm tempos definidos . E as estruturas não têm prazos, continuam; podemos ter um bom acordo, um programa bem financiado pelo Estado mas se ao fim de um ano esse programa acaba fica em dificuldades uma série de estruturas. Os programas têm tempos limitados, as estruturas são ilimitadas, pois estão ao serviço de pessoas, e precisam também de manutenção contÃnua; os recursos humanos precisam de actualização e se o programa termina é sempre uma batalha para se reiniciar o processo ou nova negociação. JM — A Casa de Sáude de S. João de Deus, no Funchal, está bem? JP — Em conformidade com as necessidades locais, pode-se dizer que, nos últimos anos, a Casa de Saúde, no Funchal, deu um salto qualitativo muito grande. Um dos objectivos era que se abrisse à comunidade e transformasse as suas undiades em pequenos serviços. E isso aconteceu. Hoje, tem uma grande visibilidade e, principalmente, uma grande proximidade com a população em geral. Já lá vão os tempos em que se conhecia a Casa de Saúde de S. João de Deus como “casa de loucos†ou “trapicheâ€. Essa mentalidade está a mudar. Regista-se uma significativa integração da Casa na realidade social da Madeira. JM — A Ordem é conhecida? JP — Sim. A Madeira, aliás, é das áreas do paÃs onde haverá mais vocações. Só que há um fenómeno novo, isto é, nota-se pouca adesão à s actividades que propomos no Verão, os chamados “campos de fériasâ€. Talvez pelas novas regras do ensino, pelo excesso ou oferta de actividades. Mesmo assim, na Madeira há pontencial grande para a vida religiosa. Tem havido o cuidado de divulgar mais informação sobre o carisma hospitaleiro. A instituição tem também oferecido muitas propostas de formação para todas as faixas etárias, grupos de risco, familiares de utentes e na área da prevenção primária, o que permite dar a conhecer a Ordem a vários nÃveis. JM — A abertura aos leigos é uma realidade? JP — Sem dúvida. Até há pouco tempo, todas as nossas casas, em Portugal, eram geridas pelos Irmãos, porque havia vocações. Agora, com a falta de religiosos consagrados, com o envelhecimento dos Irmãos, criámos estratégias, outras alternativas, com a cooperação de leigos que sempre trabalharam connosco mas que não tinham funções de chefia. Hoje, é habitual vermos directores nas casa de saúde, nos hospitais, que não são irmãos; é no fundo partilhar a nossa missão com os leigos, de acordo com o nosso carisma apostólico. JM — A missão hospitaleira portuguesa apoia outros paÃses? JP — Dentro das nossas competências e possibilidades, a nossa missão estende-se ainda à s três casas que a Ordem tem no Brasil (por enquanto delegação Provincial); apoiamos as missões hospitaleiras em Moçambique; e estamos em Timor-leste. Timor-leste é um projecto novo, iniciado a 8 de Março deste ano, a pedido de D. BasÃlio do Nascimento, com um irmão português e outro brasileiro. Neste momento faz-se o levantamento das necessidades e em Setembro próximo pensamos definir um projecto especÃfico para Timor. Já estivemos em Angola mas, com a independência do território, fomos expulsos; agora há pedidos para regressarmos. Hospitaleiros Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...