Nacional

O Advento na piedade popular

Voz Portucalense
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Com o mês de Novembro a aproximar-se do seu termo, já se pressente o Advento, início de um novo Ano Litúrgico. Vale a pena reler aqui as valiosas indicações oferecidas pelo «Directório sobre a piedade popular e a Liturgia: princípios e normas» publicado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em 17 de Dezembro de 2001. Este documento, ainda insuficientemente conhecido, dedica ao Advento os nn. 96-105: 96. O Advento é um tempo de expectativa, de conversão e de esperança: – expectativa-memória da primeira vinda, humilde, do Salvador à nossa carne mortal; expectativa-súplica da última vinda, gloriosa, de Cristo, Senhor da história e Juiz universal; – conversão, a que muitas vezes a Liturgia deste tempo convida pela voz dos profetas e, sobretudo, de João Baptista: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino de Deus» (Mt 3, 2); – esperança jubilosa de que a salvação já operada por Cristo (cf. Rm 8, 24-25) e a realidade de graça já presentes no mundo atinjam a sua maturação e plenitude, pela qual a promessa se transformará em posse, a fé em visão e «seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é» (1 Jo 3, 2). 97. A piedade popular é sensível ao tempo de Advento, sobretudo enquanto memória da preparação para a vinda do Messias. No povo cristão, está solidamente enraizada a consciência da longa expectativa que precedeu o nascimento do Salvador. Os fiéis sabem que Deus alimenta com profecias a esperança de Israel na vinda do Messias. O acontecimento extraordinário pelo qual o Deus da glória se fez menino no seio de uma mulher virgem, humilde e pobre não escapa à piedade popular; pelo contrário, ela realça-o, cheia de admiração. Os fiéis são particularmente sensíveis às dificuldades que a Virgem Maria teve de enfrentar durante a sua gravidez e comovem-se com o pensamento de na estalagem não ter havido lugar para José e para Maria que estava para dar à luz o Menino (cf. Lc 2,7). Relacionadas com o Advento surgiram várias expressões de piedade popular que sustentam a fé do povo e transmitem de geração em geração a consciência de alguns valores deste tempo litúrgico. 98. A disposição de quatro velas numa coroa de ramos sempre verdes, em uso sobretudo nos países germânicos e na América do Norte, tornou-se símbolo do Advento nas casas dos cristãos. A coroa de Advento, com o progressivo acender das quatro velas, domingo após domingo, até à solenidade do Natal, é memória das várias etapas da história da salvação antes de Cristo e símbolo da luz profética que, pouco a pouco, iluminava a noite da espera expectante até ao nascimento do Sol de justiça (cf. Mt 3, 20; Lc 1, 78). […] 101. No tempo de Advento, a Liturgia celebra frequentemente e de modo exemplar a Bem-aventurada Virgem: recorda algumas mulheres da Antiga Aliança que eram figura e profecia da sua missão; exalta a atitude de fé e de humildade com que Maria de Nazaré aderiu pronta e totalmente ao projecto salvífico de Deus; realça a sua presença nos acontecimentos de graça que precederam o nascimento do Salvador. Também a piedade popular dedica, no tempo de Advento, uma atenção especial a Santa Maria; atestam-no inequivocamente os diversos exercícios de piedade, sobretudo as novenas da Imaculada e do Natal. Contudo, a valorização do Advento «como tempo particularmente adequado ao culto da Mãe do Senhor» não significa que este tempo litúrgico seja apresentado como um “mês de Mariaâ€. […] 102. A solenidade da Imaculada (8 de Dezembro), profundamente sentida pelos fiéis, dá lugar a muitas manifestações de piedade popular, cuja principal expressão é a novena da Imaculada. Não há dúvida de que o conteúdo da festa da Conceição pura e sem mácula de Maria, enquanto preparação fontal para o nascimento de Jesus, se harmoniza bem com alguns temas basilares do Advento; também ela remete para a longa espera messiânica e evoca profecias e símbolos do Antigo Testamento, igualmente usados pela Liturgia do Advento. Onde se celebrar a novena da Imaculada, dever-se-ão realçar os textos proféticos que, partindo do vaticínio de Génesis 3, 15, desembocam na saudação de Gabriel à «cheia de graça» (Lc 1, 28) e no anúncio do nascimento do Salvador (cf. Lc 1, 31-33). Secretariado Diocesano de Liturgia do Porto


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