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O Cinema e os seus Suportes

Francisco Perestrello
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Desde o seu início, há mais de um século, o cinema teve por base a película fotográfica em diapositivo, de forma a permitir a projecção das imagens sobre uma superfície branca. Variaram os formatos ou, mais concretamente, a largura da película, sendo ainda recente o uso de 8 mm, 16 mm e 35 mm ou, mais raramente, 65 e 70 mm. Tornado uma indústria altamente rentável em diversos países, só recentemente se pode falar da utilização comercial de novas bases de registo, de que o vídeo foi o primeiro, seguindo-se o CD e sobretudo o DVD que neste momento domina o mercado. A ameaça à continuidade da projecção em sala nunca se concretizou, nem com a sólida concorrência da transmissão de filmes nos canais de televisão, que conta hoje com canais especiali-zados a tempo inteiro. Paralelamente, ou marginalmente em termos de volume de negócio, foram surgindo outros suportes, como UMD, para consolas portáteis, ou o blue-ray, de elevada capacidade de registo em cada unidade. Mas os estúdios cinematográficos continuam a apostar na produção destinada essencialmente à projecção em sala, onde atinge, de longe, as melhores condições para ser visto. Não desprezam, é certo, o mercado que se segue, passando pela televisão, quer aberta quer por cabo, bem como na edição em DVD, uma vez que o vídeo, ainda utilizado em fins domésticos, está rapidamente a cair em desuso. Mas outras modificações profundas começam a dar os primeiros passos. Depois dos projectores abandonarem os tambores verticais, de manipulação muito pesada, passando ao mais prático sistema dos pratos, horizontais e com alta capacidade, caminha-se agora para o registo digital, prevendo-se já o tempo em o filme será transmitido de um ponto central para exibição em cada sala em que se encontra programado. O cinema está longe de morrer. O mais importante não será o seu suporte físico, mas a forma como a imagem chega aos olhos do espectador. A sala e o ecrã, sobretudo o grande ecrã, serão insubstituíveis.


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