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O Cinema em progresso

Francisco Perestrello
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Desde as suas origens, o cinema tem introduzido maiores ou menores inovações técnicas que têm conseguido manter a fidelidade do público mesmo quando, em tempos relativamente recentes, começa a lutar com alternativas à projecção em sala.

Em 1929, com «O Cantor de Jazz», deu-se a introdução do sonoro, sem dúvida o grande salto que transformou a arte das imagens na arte das imagens e do som. Os diálogos, os fundos sonoros e os filmes musicais conduziram a uma nova maneira de fazer cinema.

A cor entrou progressivamente ao longo dos tempos, cada vez mais perfeita, mas sempre em paralelo com o preto e branco, ainda hoje utilizado intencionalmente por diversos cineastas. Com menor impacto mas interesse considerável, a Fox lançou o Cinemascope no início dos anos 50. Sob a designação abreviada de Scope – dadas as patentes – é um hoje um sistema que se encontra numa boa percentagem de filmes. Recentemente foi adoptado por diversos distribuidores o suporte digital, substituindo a tradicional película. Para o espectador não é muito sensível a diferença. Reduzem-se para os profissionais as dificuldades de transporte de filmes e a sua aplicação aos projectores.

Em 1953, praticamente em simultâneo, «Máscaras de Cera» e «O Homem sem Cérebro» lançavam o cinema a três dimensões, vulgo 3D. O resultado do processo foi limitado, sendo apresentado sobretudo como curiosidade, sem uma sólida continuidade. De tempos a tempos foi surgindo um novo filme 3D, mas sem que outros se seguissem de imediato com o mesmo processo. Muito recentemente, e com notáveis aperfeiçoamentos técnicos, o 3D regressou, parece que agora para ficar. Os grandes estúdios americanos começaram a lançar sucessivos filmes baseados neste processo, chegando mesmo a acrescentar ao título a referência 3D. A aceitação do público tem sido mais elevada mercê da melhor qualidade da imagem projectada e, pela primeira vez, o processo parece rentável. O 3D tem agora pernas para andar, mas está longe de ter condições para vir a abolir, pelo menos a curto ou médio prazo, o cinema “plano”.

Francisco Perestrello



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