Nacional

«O conciliador nato»

Luís Filipe Santos
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Pe. Manuel Antunes "nunca privilegiou o aspecto apologético das suas profundas convicções religiosas e metafísicas" - defendeu Eduardo Lourenço.

“Ele sabia que a nossa humana história não tem em si o seu segredo nem o seu fim. Cristo e Marx não eram os antagonistas implacáveis mas duas expressões em dois planos diferentes” – realça Eduardo Lourenço na conferência “A visão da cultura portuguesa em Manuel Antunes” integrada no congresso Internacional sobre este sacerdote jesuíta, a decorrer em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian. Na conferência, lida por António Nóvoa, da Universidade de Lisboa, o autor sublinha que a educação religiosa do Pe. Manuel Antunes era “filosoficamente estruturada pelo Tomismo, desde Leão XIII referência teológica privilegiada da Missão Católica do Mundo” E acrescenta: “a sua fidelidade ao espírito do Tomismo, então em fase de releitura inovadora, nunca se desmentirá. Basta ler o excelente ensaio sobre o Tomismo e Marxismo”. Depois de uma “adolescência estudiosa” e de tomar a decisão de “entrar e ser aceite na mais exigente e discutida pelo mundo das nossas ordens religiosas” – acentua Eduardo Lourenço –, o sacerdote da Companhia de Jesus, falecido há 20 anos, “nunca privilegiou o aspecto apologético das suas profundas convicções religiosas e metafísicas”. De uma curiosidade “intelectual invulgar”, o homenageado deste congresso que encerra no próximo dia 17 de Dezembro, na Sertã, terra natal de Manuel Antunes, era “um conciliador nato” – defendeu o ensaista Eduardo Lourenço.


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