A sociedade actual ainda “discrimina as prostitutas”. Vê a mulher que se prostitui “naquilo que ela faz e não naquilo que ela é” por isso “participámos no Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE) com o slogan «Atirar-lhe-ias a primeira pedra” - disse à Agência ECCLESIA Helder Vicente, director técnico da Obra Social das Irmãs Oblatas do santíssimo Redentor. Num dos ateliers realizados no âmbito do ICNE, de 5 a 13 de Novembro, em Lisboa, reflectiu-se sobre esta chaga social que afecta muitas famílias.
Luisa Matos, médica de profissão e voluntária desta obra, deu o seu testemunho nesta tertúlia realizada, dia 11 de Novembro, na casa das irmãs, no Intendente (Lisboa). Aos presentes disse: “em vez de condenação, aqui há compaixão, não no sentido de pena mas de partilha da dor”. Neste trabalho com as mulheres que se prostituem – “muitas delas a ignorância é profunda” – a voluntária refere naquele trabalho pode saborear-se “o prazer de que alguma coisa mude na vida delas”. Uma irmã oblata relatou também a sua experiência nas equipas de rua. “Uma presença diferente daqueles que vão lá para explorar”. Um ombro amigo e conversas pessoais “marcam o nosso testemunho”. No fim – conforme o desenrolar e receptividade – pode nascer o tópico: “será que não está na hora de procurar algo diferente”.
Um trabalho com duas componentes: técnica e terapêutica e a outra ocupacional (dança, teatro, ioga e auto-estima). “O intuito é dar perspectivas de vida a estas mulheres” – disse Helder Vicente. E adianta: “temos tido resultados positivos”. Quando uma mulher, livremente, “opta mudar de vida e fazer outra experiência no seu dia à dia, para nós é um motivo de satisfação” – relata.
Ao falar das causas da prostituição, Helder Vicente afirma que ela “é resultado de muitos factores”. E aponta: “baixas qualificações escolares, as questões económicas, falta de suporte familiar e psicológico”.
Após o congresso de Lisboa “esperamos criar nas pessoas um olhar diferente” - concluiu. O grupo fazia um círculo e no meio estava um monte de pedras. No final reparei que elas ficaram lá todas porque ninguém atirou pedras a ninguém.