Nacional

Paróquias escrevem Cartas de São Paulo

Lígia Silveira
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Manuscritos da Bíblia aproximam pessoas da Palavra de Deus. Portalegre - Castelo Branco vai ao Vaticano entregar cópia

A transcrição da Bíblia é uma iniciativa replicada em várias paróquias de Portugal. O primeiro parágrafo começou pela mão da Sociedade Bíblica de Portugal, em 2004, quando envolveu cerca de 100.000 pessoas na cópia da Bíblia. Em Ano Paulino, várias são as paróquias de Norte a Sul do país que retomaram esta iniciativa adequando-a às cartas de São Paulo. Foi o caso de quatro paróquias da diocese de Portalegre – Castelo Branco que manuscreveram as 13 cartas de São Paulo e asa vão entregar a Bento XVI, numa forma criativa de levar a mensagem do apóstolo São Paulo aos locais públicos. Esta iniciativa, que contou com duas edições, quis “ajudar as pessoas a redescobrir a importância da Sagrada Escritura, em especial das Cartas de Paulo, com forte conteúdo teológico, moral e cultural”, explica à Agência ECCLESIA o Pe. Marcelino Marques, responsável de Alegrete, Arronches, Degolados e S.Tiago de Urra, na diocese de Portalegre – Castelo Branco. “O mundo pede criatividade e imaginação à Igreja para que a mensagem que professa possa chegar mais perto das pessoas”. O Pe. Marcelino aponta que a criatividade e a imaginação ajudam “desde que não se perca a fidelidade e que não nos desvie do que é importante, que é a conversão das pessoas”. Esta forma de colocar os cristãos em contacto com o Novo Testamento, serve também para instigar ao gosto pele leitura diária. “Mostra também que em qualquer lugar se pode falar de Deus e da sua mensagem contida na Bíblia”. Esta iniciativa decorreu em escolas, cafés, instituições de solidariedade, clubes desportivos, nas igrejas, mas também nas ruas das paróquias. “Lugares onde está presente o ser humano”, resume o pároco. O Pe. Marcelino afirma ainda que quando se escreve a palavra está-se mais atento. “É uma forma de memorizar. A escrita implica atenção”, traduz. Quem participou acabou mesmo por decorar o versículo que transcreveu. A par da escrita, quem participou nesta iniciativa, recebia uma cópia da Carta de São Paulo ao Coríntios. Também a paróquia de Barcelos se rendeu à transcrição da Bíblia. Inicialmente dedicado às Cartas de São Paulo, inserido no programa da diocese de Braga centrado na Palavra de Deus e na sua valorização ao longo de três anos, a iniciativa promete não ficar por aqui. Para assinalar o primeiro ano a paróquia de Barcelos pretendeu privilegiar o contacto com a Palavra de Deus. Escrever leva as pessoas “a sentir de outra forma”, traduz o Pe. Abílio Cardoso, pároco de Barcelos. A escrita e a audição completam-se. “Esta iniciativa mostrou a necessidade de pararmos diante da Palavra de Deus. A escrita é um acto mais moroso, que pede reflexão”. Adesão supera expectativas A iniciativa, em Barcelos, destinava-se exclusivamente aos escritos de São Paulo mas a participação superou as expectativas e a organização estendeu a cópia até ao Apocalipse. A adesão foi “muito positiva”, o que leva a organização a reflectir sobre a possibilidade de dar continuidade a esta iniciativa “partindo para os Evangelhos e provavelmente chegaremos à Bíblia completa”, adianta o Pe. Abílio Cardoso. A iniciativa teve como palco a igreja de Barcelos e cada pessoa “foi convidada a fazer uma oração antes de escrever”, explica o pároco de Barcelos. Uma iniciativa que aconteceu em dois Domingos seguidos, mas que não vai ficar por aqui. O Pe. Abílio adianta que estas são “formas diversificadas que se complementam”. Outras irão surgir. “Estamos a pensar noutras iniciativas consequentes de forma a uma maior valorização da Palavra de Deus”. Em Portalegre – C astelo Branco cerca de 4000 pessoas aderiram entusiasticamente à proposta, escrevendo um versículo. “A adesão foi tanta que a iniciativa teve de se repetir”, explica o Pe. Marcelino. A primeira edição foi lançada logo após o final do Sínodo dos Bispos, em Outubro de 2008, sobre a Palavra de Deus, mas findou em 15 dias. A segunda edição da transcrição dos 2030 versículos terminou no passado dia 25 de Janeiro. Finda a segunda edição, o manuscrito está neste momento a ser editado em brochura para ser entregue no Vaticano a Bento XVI. Uma delegação de 16 pessoas vai deslocar-se a Roma, para na audiência do dia 1 de Abril, entregar em mãos o resultado desta iniciativa ao Papa. “Perante o interesse e entusiasmo que encontrámos, quisemos dar continuidade a esta iniciativa”. O Pe. Marcelino Marques contactou a Nunciatura Apostólica e recebeu “o maior apoio e entusiasmo para a nossa viagem ao Vaticano”. O pedido à Nunciatura previa a entrega do manuscrito em mãos a Bento XVI. O Pe. Marcelino Marques explica que “há pormenores ainda a ser tratados, mas o encontro na audiência está assegurado”. A brochura a entregar a Bento XVI compreende as 13 cartas manuscritas pela população de Alegrete, Arronches, Degolados e S.Tiago de Urra, onde se encontram as letras de crianças, jovens, adultos e idosos. Acompanha ainda uma nota história da diocese de Portalegre – Castelo Branco e sobre as quatro paróquias. Esta Brochura dos Escritos Paulinos Manuscritos vai ser apresentada no dia 26 de Março numa conferência de imprensa.


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