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«Participação social e política promove os valores cristãos»

Diário do Minho
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Salientou José Ramos Pinheiro na Semana de Estudos Teológicos de Braga

«Participar na vida social e intervir na vida política é, sem dúvida, uma das boas formas de proteger e de promover os valores cristãos que afirmamos professar», referiu José Luís Ramos Pinheiro, membro do conselho de gerência da Rádio Renascença, na XIII Semana de Estudos Teológicos que está a decorrer na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Braga, subordinada à “Escola e desafios sociais do nosso tempo”. Abordando as “Formas de participação política”, o responsável indicou que «o que se deseja é que, ao tomarmos consciência da nossa identidade cristã, sejamos também capazes de a projectar saudavelmente na sociedade». «Irritamo-nos com a inoperância partidária, mas convivemos confortavelmente com a nossa demissão, uma abstenção quanto ao papel dos cristãos como “fermento” na vida social e política», facto que, segundo Ramos Pinheiro, «representa uma confissão de desesperança na nossa capacidade de mudar o mundo». Assim, o especialista não deixou de afirmar que «o portador da Boa Nova só pode estar do lado da participação», deixando uma marca cristã em temas como a defesa da vida, atenção preferencial pelos pobres ou a questão fiscal. Para isso, o conferencista lembrou a Doutrina Social da Igreja como um “manual” que não deve ser esquecido, «orientado para promover o bem comum». «Quando em nome da liberdade se ameaça a própria liberdade religiosa, reagimos contra o absurdo. Passada a ameaça, reconhecido o direito, custa-nos a admitir a responsabilidade», lamentou o responsável, que acrescentou que «a moeda da participação política e social dos cristãos também tem duas faces inseparáveis: numa está o direito e na outra a responsabilidade». Dessa forma, «o compromisso com o outro pode conhecer as mais diversas manifestações, que passam por uma presença activa e construtiva na sociedade», explicou Ramos Pinheiro, que recordou que «existe mais vida e participação política» para além dos partidos como, por exemplo, as associações, clubes de ideias, sindicatos, confederações patronais, juntas de freguesia e câmaras municipais. Finalmente, admitiu que os cristãos ficam, «por vezes, demasiado presos ao discurso da crise de valores. Ora os valores não estão em crise. Eles mantêm intacta a sua actualidade e aplicabilidade. Em crise está o acolhimento que lhes damos e a forma como os vivemos», ou seja, «a nossa própria crise de afirmação desses valores». Desafio multifacetado dos media Depois de apresentar o percurso histórico dos meios de comunicação social no seio das sociedades e das suas relações — «tensas» — com a Igreja Católica, António José da Silva, professor da Escola das Artes da UCP, referiu que, actualmente, se aceita que os media «representam uma das maiores conquistas do homem, e que os cristãos se devem servir dela para servir os homens». Destacando o desafio «da presença dos cristãos nos meios de comunicação», o docente afirmou que também «não está provado que, numa sociedade pluralista, a simples propriedade, mais ou menos real, de um ou mais meios de comunicação grandes, seja uma solução segura, eficaz e definitiva para os problemas que os cristãos enfrentam nesta área». “Os media nossos amigos” Na última intervenção do dia, João Aguiar, director do Diário do Minho, apresentou os benefícios dos meios de comunicação social. «Os media são economicamente importantes porque permitem a sustentabilidade das estruturas empresariais; politicamente indispensáveis nas sociedades democráticas; culturalmente fundamentais, pois oferecem às pessoas o acesso ao mundo das artes; educativamente possibilitam o conhecimento e a formação; e religiosamente são um instrumento de evangelização», sustentou o responsável, que referiu alguns princípios básicos para a utilização consciente do jornal, rádio, televisão, cinema e Internet. Por se tratar de uma acção de formação dirigida aos professores de moral, João Aguiar recordou, igualmente, os presentes para a importância de “Educar para os media”, factor realçado pela Unesco, reportando-se às suas diversas finalidades: formação de “leitores” activos, que analisem os textos mediáticos e compreendam os processos da sua produção e recepção; preparação de exploradores autónomos, que procurem e seleccionem a informação pertinente; contribuição para a formação de produtores de mensagens em diversos suportes. Apresentando um quadro síntese sobre a “Integração dos media na escola”, da autoria de Teresa Fonseca, o responsável salientou os meios de comunicação como recursos educativos — fontes de informação para actualizar e ilustrar conteúdos —, objecto de estudo —análise da mensagens, contextos sociais, produção, circulação e recepção dos discursos mediáticos — e ferramentas de expressão e criatividade. A Semana de Estudos Teológicos termina, hoje, com a participação de Isabel Varanda, professora da Faculdade de Teologia de Braga da UCP, que aborda, às 9h30, as “Questões sociais do nosso tempo”. A partir das 11h15, Américo Carvalho Mendes, docente da Faculdade de Economia e Gestão da UCP, debruça-se sobre as “Luzes e sombras da globalização” e, às 14h30, Carlos Aguiar Gomes, presidente da Associação Famílias, disserta sobre “A Escola e a Família”.


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