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Páscoa/Algarve: Tradição das Tochas Floridas reuniu milhares de pessoas

Agência Ecclesia
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Folha do Domingo
Folha do Domingo

Tapetes floridos de dois quilómetros usam três toneladas de flores

São Brás de Alportel, Faro, 07 abr 2015 (Ecclesia) – A paróquia de São Brás de Alportel, em colaboração com a edilidade local e a Associação Cultural Sambrasense, promoveu a Festa das Tochas Floridas, no Domingo de Páscoa, uma tradição interrompida na implementação da República portuguesa

O pároco de São Brás de Alportel, o padre José Cunha Duarte, explica que foi com a sua chegada que a tradição foi recuperada e mantém-se desde 1981.

“O bispo de então pediu-me para restaurar a tradição e todos os anos se organiza a Procissão das Tochas em todo o seu esplendor”, revelou ao jornal diocesano Folha do Domingo.

Por sua vez, o vigário paroquial recorda que com a “implantação da República” esta situação que era comum em todas as paróquias” alterou-se pois as manifestações públicas foram proibidas”.

“A tradição das procissões esmoreceu”, acrescenta o padre historiador Afonso Cunha Duarte que destaca o cariz “outrora popular em todo o Algarve” e que ainda se realiza em Portimão.

O sacerdote, irmão do prior, contextualizou que no século XIX “praticamente todas as aldeias organizavam esta Procissão da Ressurreição” onde as pessoas levavam uma vela que “era designada por tocha”.

A procissão também era conhecida como a Procissão das três Marias, “em alusão às mulheres que se deslocaram ao túmulo de Jesus na manhã da ressurreição”, e foi a falta de cera que levou ao “aparecimento de paus pintados e ornamentados com flores” no cimo do qual se colocava uma pequena vela.

Depois da Eucaristia realiza-se a procissão onde “três toneladas” de flores ornamentam as tochas e as ruas enfeitadas com bandeiras vermelhas e brancas, e colchas penduradas nas janelas e lonas com a imagem de Cristo ressuscitado.

O percurso é um tapete com dois quilómetros de flores silvestres, funcho, rosmaninho, alecrim, alfazema, com símbolos desenhados no chão. 

Durante o cortejo, que também é conhecido como Procissão do Aleluia, os homens reúnem-se em “pequenos grupos” para, alternadamente, “levantarem o grito do ‘aleluia’”.

“Aqui e além ouve-se uma voz potente e sonora: ‘Ressuscitou como disse!’; O grupo, erguendo bem alto a tocha, responde: ‘Aleluia, aleluia, aleluia!’”, acrescenta o jornal diocesano.

Neste contexto, o padre Afonso Cunha Duarte relembra que ao longo da procissão “cantavam-se hinos, responsos e o aleluia” e antigamente “havia também um ou dois coros a cantar e o povo respondia”.

“Com o passar do tempo, a falta de clero e de cantores, levou a que o canto ficasse na boca do povo”, observa o sacerdote historiador.

O jornal diocesano destaca ainda que esta festa e “concretamente a Procissão da Ressurreição” vai-se “impondo” no Algarve como a segunda com maior adesão de pessoas, “logo depois da de Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana) e superando a Procissão do Senhor Morto em Faro” realizada em noite de Sexta-feira Santa.

FD/CB



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