Uma medida contra uma recomendação adoptada pelo Conselho da Europa
A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos critica a expulsão de famílias ciganas ordenada por algumas autarquias, “que ofendem princípios básicos de integração” e vão contra uma recomendação adoptada pelo Conselho da Europa. A recomendação, dirigida aos governos dos 46 Estados-membros do Conselho da Europa, e anunciada onrem prevê a melhoria das condições de alojamento de ciganos e nómadas, e elege a habitação como prioridade para a integração social nos próximos dez anos. O director-executivo da Pastoral dos Ciganos, Francisco Monteiro, disse à Agência ECCLESIA que “concorda com a adopção desta recomendação mas em vários pontos do país não é esta a posição adoptada pelas autarquias”. E cita os casos “de Serpa e Cuba”. A Pastoral dos ciganos já denunciou “estes casos ao Alto Comissariado”
“A habitação é o primeiro elo de um ciclo vicioso que afecta os ciganos, ao que se segue a educação e o emprego” - sublinhou o responsável da Pastoral dos Ciganos.
Em relação ao ciganos portugueses, Francisco Monteiro refere que “praticamente todos os ciganos são sedentários”. Apenas um parte ínfima faz “trabalhos sazonais” mas “depois voltam”. Francisco Monteiro criticou as condições precárias em que muitos vivem e que tem tido, nalguns casos, respostas negativas por parte das câmaras locais.
Francisco Monteiro citou os casos de Cuba, onde a autarquia aprovou recentemente uma resolução para expulsar 13 famílias que residiam num acampamento há mais de dois anos, e a demolição de barracas no Bairro da Esperança, onde residiam 60 famílias, e que foi ordenada pela Câmara de Beja.
“Se as barracas eram ilegais, ainda é mais ilegal deixar na rua em pleno Inverno 60 famílias com crianças sem lhes dar outra alternativa” - lamentou o mesmo responsável.
Para Francisco Monteiro, “isto acontece por racismo. Os autarcas cedem aos instintos racistas e deviam apoiar quem mais precisa”.