A paróquia de São Romão, concelho de Seia, acolheu o XV Fim-de-Semana de Pastoral Litúrgica, da Diocese da Guarda. Esta acção de formação tinha como destinatários os fiéis da zona mais a oeste da nossa Diocese. Foi um desafio renovado e assumido pela equipa diocesana de Pastoral Litúrgica e Música Sacra, tão limitada pelo compromisso semanal na Escola de Ministérios Litúrgicos.
Esta acção de formação, destinada aos diversos ministérios litúrgicos: ministros extraordinários da comunhão, acólitos, leitores, cantores, salmistas, organistas…contou com a presença cento e trinta participantes leigos e religiosas, alguns sacerdotes da zona e um diácono também. O contentamento foi grande da parte dos presentes que voltaram às suas comunidades com vontade de prestar um serviço mais generoso a Deus e aos irmãos.
“Comunidades renovadas pela Comunhão da Palavra e do Pão” foi o tema desta formação que, na celebração da Eucaristia e no canto das Laudes, teve os seus momentos mais significativos. A Liturgia é algo para ser vivido e celebrado. O povo de Deus “vive da Palavra que vem da boca de Deus”, escutada especialmente quando é proclamada nas acções litúrgicas. É esta a escuta e meditação da Palavra e o Alimento Eucarístico que faz crescer e ficar mais robusto o Corpo de Cristo, que é a Igreja, presente nas comunidades locais.
Nas três conferências proferidas (Marco Daniel Duarte e Pe. José Dionísio) abordou-se a relação da Liturgia com a Catequese, as mudanças concretas a realizar nas nossas celebrações e a relação entre a participação na missa dominical e o compromisso social, em favor dos mais necessitados.
Não podemos deixar de referir aquilo que foram lamentos de novo repetidos neste Fim-de-Semana: aprendemos muito aqui, queremos ajudar nas nossas comunidades, mas em muitos lugares são os párocos a não quererem maior atenção às boas práticas litúrgicas! Além de sentirem, muitas vezes a oposição de leigos que troçam daqueles que vão destes encontros cheios de manias com as “cerimónias”, diversos participantes referiram que após anos de doação à vida pastoral e litúrgica, continuam a sofrer descriminações da parte dos párocos! Como responsável do Secretariado Diocesano da Liturgia considero que o desprezo pelas normas universais das celebrações litúrgicas _garantes da profundidade e da beleza do louvor a Deus_ tem conduzido muitas comunidades cristãs à superficialidade e ao afastamento de muitos fiéis que depressa se fartam de tentativas de atrair fiéis com música pimba religiosa ou infantilismos nos símbolos e gestos. Chega de hipocrisias: nestes casos de que não conhecemos percentagens, os maiores culpados são os padres, que conhecem, pelo menos, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II!
Eu também sou pároco e, nas oito paróquias que me estão confiadas, também não se faz tudo bem. Todavia, esforço-me para que no diálogo e no respeito pelas tradições possamos caminhar na senda da Liturgia que verdadeiramente nos santifique. Chega de demagogias e de considerar estúpidos os fiéis leigos, ou ritualistas aqueles que sendo padres, seminaristas, diáconos ou religiosos tentar fazer mais e melhor!
Não aos fundamentalismos e não ao vale-tudo em matéria litúrgica. Que o Espírito Santo a todos nos ilumine. Amén.
Pe. José Dionísio, Director do Secretariado Diocesano da Liturgia da Guarda