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Pastoral Universitária do Porto analisa problemas sociais numa perspectiva cristã

Voz Portucalense
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Realizou-se no passado dia 3 do corrente mês, no Auditório da Reitoria da Universidade do Porto, a primeira sessão do novo ciclo de Diálogos sobre …, organizado pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária. Dedicado ao tema genérico E quem é o meu próximo? (Lc. 10, 29) – que constitui, aliás, o lema inspirador da acção pastoral no presente ano lectivo – pretende-se dar continuidade a uma iniciativa encetada no último ano e que teve como matéria central a Bíblia. Nesta primeira sessão, subordinada ao problema do Individualismo e Alteridade, intervieram como conferencistas Luís Araújo (FLUP) e P. Jorge Cunha (UCP), e como moderador Luís Amaral (FLUP). A vastidão dos assuntos propostos exigiu uma rigorosa selecção das questões a abordar, circunstância que marcou positivamente as duas intervenções. O Professor Luís Araújo começou por expor aquilo que, no seu entendimento, fundamenta a urgência da construção de uma ética à escala global. Falando acerca da consciência individual e de como a presença do outro se manifesta na vida de cada um, defendeu, sem ambiguidades, que a relação do eu com os outros implica necessariamente a tolerância mútua, única base credível das modernas sociedades democráticas. Alertou também para o facto de, hoje em dia, um dos problemas maiores da convivência humana, não ser tanto o assumir de convicções diferentes, mas antes o facto de se pensar pouco nas consequências que essas convicções poderão ter sobre os outros. Por último, explicou ainda como a educação ética é algo de fundamental e indispensável ao estabelecimento de relações saudáveis entre os indivíduos, reconhecendo, implicitamente, tratar-se de um percurso que deverá passar por patamares diversos. Concluiu a sua intervenção, afirmando ser a ética social o melhor caminho para a construção de uma comunidade humana responsável e solidária. O segundo conferencista, o Professor P. Jorge Cunha, optou por uma abordagem muito diversa, manifestando opiniões diferentes em várias matérias, sem deixar de sublinhar claros pontos de convergência com o seu interlocutor. O essencial da sua exposição centrou-se naquilo que foi a via de Jesus para chegar aos outros. Segundo este orador, Jesus propôs novas bases para sustentar e definir a nossa relação com os outros, tendo como premissa fundamental, que aquilo que aproxima todos os seres humanos, não é a sua condição social, política, económica, religiosa ou outra, mas a sua humanidade. Paralelamente, procurou caracterizar, de forma sintética, as mais importantes definições históricas de pessoa, desde a Antiguidade até ao período contemporâneo. Rematou com breves considerações sobre o papel das religiões enquanto ofertas de compreensão e de sentido da vida humana. Concluídas as duas intervenções, logo compreenderam os presentes que não faltava matéria para discussão, pelo que, de imediato, se encetou um aceso debate. Às perguntas e observações formuladas pela assistência responderam os conferencistas, ora para esclarecer e aprofundar alguns dos problemas antes abordados, ora para contestar de forma viva várias das questões levantadas. Refira-se que a frontalidade e a profundidade com que decorreu o debate/diálogo, demonstraram não só o interesse do mesmo, mas também a necessidade de promover mais iniciativas como esta no meio académico do Porto. A próxima sessão, dedicada à Exclusão e Pobreza, decorrerá no dia 10 de Novembro, às 21,30h, no Auditório da Fundação Eng. António de Almeida, e terá como conferencistas o José Virgílio Borges Pereira (da FLUP) e o P. Agostinho Jardim (REAP), e como moderadora Leonor Vasconcelos (FEP-UP). Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária


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